Escolher brinquedo é coisa séria

Com a chegada do Natal, inicia a procura pelo presente que mais agrada a criançada: brinquedos. No entanto, sempre é bom lembrar que, na hora da escolha do brinquedo que vai alegrar a criançada, é preciso muita atenção, pois alguns produtos podem oferecer riscos e, até mesmo, causar sérios transtornos à saúde dos menores.

Os acidentes de trânsito, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas, intoxicações e outros representam as principais causa de morte de crianças de um a 14 anos no Brasil.

Entre estes tipos de acidentes, dois deles merecem atenção especial no momento da escolha dos brinquedos e das brincadeiras: as sufocações e as quedas. A sufocação ocupa o terceiro lugar no ranking de mortes por acidentes em crianças dessa faixa etária.

Só em 2007, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 700 crianças vieram a óbito por esse motivo. No caso de bebês com até um ano, a sufocação representa a principal causa de morte entre os outros tipos de acidentes.

Isso porque com até dois anos, as crianças ainda estão na fase de descobrir o mundo com a boca e podem engasgar ou sufocar com uma peça pequena que se desprenda de algum brinquedo. Por este motivo, na hora de escolher o brinquedo, é preciso notar a presença de peças miúdas que podem se soltar.

Selo do Inmetro

Para o especialista em direito do consumidor, Franco Cristiano Alves, é imprescindível verificar a presença do selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e se a peça escolhida é indicada para a faixa etária da criança que será presenteada.

Franco afirma que as maiores queixas são relacionadas à fragilidade dos produtos que apresentam defeitos e por soltar peças facilmente. “É importante que as pessoas saibam que o selo de certificação é importante, mas que não garante a qualidade, e sim atesta que normas de segurança foram consideradas no processo de fabricação”, esclarece.

Também é relevante que os pais adquiram brinquedos de acordo com a classificação etária indicada no produto. Para menores de dois anos, por exemplo, além de o brinquedo poder conter peças pequenas que podem ser engolidas, existe o risco de haver partes cortantes – que podem ferir a criança – e até substâncias tóxicas, como mercúrio e chumbo na sua fabricação.

Em relação aos produtos importados, também devem ter uma certificação e, ainda, identificar o importador. “São cuidados que fazem a diferença”, avalia Franco Alves.

Segurança

A compra de brinquedos como bicicletas, skates ou patins também deve ser acompanhada de uma série de cuidados. De acordo com integrantes da organização não governamental Criança Segura, os equipamentos de segurança, como capacete, joelheiras e cotoveleiras precisam acompanhar esses presentes, a fim de que as crianças sejam incentivadas a usá-los.

A queda é um risco constante e uma das principais causas de hospitalização, entre os acidentes, de crianças de um a 14 anos. Por esse motivo também, o local da brincadeira deve ser escolhido com cautela: longe de carros, piscinas e escadas. Outro dado do Ministério da Saúde mostra que mais de 73 mil crianças foram hospitalizadas vítimas de quedas.

De acordo com o órgão de proteção ao consumidor, caso haja defeitos no produto, o consumidor pode acionar a assistência técnica em até 30 dias. Para ter maior segurança, a pessoa deve verificar se o certificado de garantia está devidamente preenchido, possuir a nota fiscal e se houver a possibilidade de troca pela loja isso deve constar em algum documento.

Nada de escolher sozinha

“O bom é aprender brincando.” A frase é verdadeira, mas justamente nessa hora é que os pais devem estar ainda mais atentos, afinal brinquedo é coisa séria. “Para os pais, os brinquedos podem facilitar a aproximação com os filhos, porém nunca devem ser utilizados como ,substitutos do carinho e da atenção. A grande preocupação dos adultos deve estar na escolha do brinquedo e não simplesmente na realização de um desejo infantil”, explica a pediatra Renata Waksman, da Sociedade de Pediatria Brasileira.

No momento da compra, a recomendação dos especialistas em segurança ionfantil é de que os pais precisam ter em mente a etapa de desenvolvimento dos filhos e sua capacidade de manipular com segurança esses brinquedos, sua maturidade pode ser mais importante do que a idade cronológica.

Cuidados básicos

Na compra

” Verifique a existência do selo de conformidade do Inmetro. Ele garante um maior nível de segurança do produto.

” Não compre brinquedos em que o fabricante não possa ser identificado ou que não tenha um telefone gratuito para atendimento aos consumidores, como os vendidos por ambulantes ou em lojas de pechinchas.

No uso

” Não deixe as crianças sem supervisão, principalmente quando estiverem brincando com produtos que contenham peças pequenas que podem ser engolidas.

” Se peças pequenas ou ímãs se soltarem dos brinquedos, recolha essas peças e mantenha-as fora do alcance das crianças.

” Relate imediatamente quaisquer problemas com os produtos – acidentes, peças soltas, eventuais machucados nas crianças – aos fabricantes e ao Inmetro, para que providências sejam tomadas.