Além dos danos para a saúde de fumantes em todo o mundo, o consumo de tabaco dificulta também a erradicação da pobreza e da fome. É essa a conclusão de um conjunto de estudos apresentado hoje pela Organização Mundial de Saúde (OMS) durante a Unctad XI (11a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento). Os trabalhos mostram os prejuízos causados pela indústria do cigarro aos países em desenvolvimento.
Dos cerca de 1,3 bilhões de fumantes existentes no mundo, 84% vivem nas nações em crescimento econômico. Esse também é o endereço de 80% dos 100 mil jovens que começam a fumar, por dia, no planeta. Com base nesses e em outros números, OMS enviará uma recomendação para a retirada do tabaco da lista de qualquer negociação entre os países que desejam ampliar fronteiras comerciais.
?O aumento no consumo de fumo é uma das conseqüências da ampliação da concorrência e facilitação do acesso aos produtos. Esses dois fatores estão diretamente ligados com a liberalização do comércio? , alertou a representante da OMS nas américas, Heather Salin, em um dos debates desta quinta-feira na 11ª reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad XI), em São Paulo. ?Países como o Japão, Coréia do Sul e Tailândia, tiveram um acréscimo de 10% no consumo de tabaco depois da liberalização. Mulheres e jovens asiáticos que não se sentiam atraídos pelos fortes cigarros da região agora consomem os importados.?
A produção e o consumo de tabaco também afetam os indicadores de saúde do país. A OMS calcula que 80 milhões de indicados e 100 milhões de chineses com idades entre 0 e 34 anos irão morrer na época em que deveriam estar no auge profissional e pessoal. Atualmente, de acordo com o Banco Mundial, até 15% dos custos com saúde são gastos com doenças relacionadas ao tabaco. Em Bangladesh, as famílias mais pobres gastam quase dez vezes mais em cigarro do que em educação. Já no Vietnã, o total de compras de tabaco supera em duas vezes os gastos com saúde.