De bem com a visão na volta às aulas

O começo do ano letivo é o período ideal para pais e professores ficarem atentos aos déficits de visão das crianças.

Os principais são miopia, hipermetropia, astigmatismo e estrabismo. Todos esses distúrbios são frequentes e afetam uma em cada vinte crianças em fase pré-escolar.

Não raras vezes, centenas delas, nos primeiros anos de vida escolar, são impedidas de ter acesso ao conhecimento.

Parecem estar desligadas, sem atenção, não demonstrando interesse e apresentando dificuldade em aprender. Pais e professores costumam atribuir esse comportamento a uma incapacidade “natural” do aluno para a aprendizagem. “Mero engano”, exalta o oftalmologista Newton Kara-José, chefe do Laboratório de Investigação Médica em Oftalmologia da USP. Conforme o especialista, os indícios de que a criança pode estar com algum problema de visão são vários e podem ser percebidos facilmente.

“Em casa, por exemplo, quando a criança chega muito perto da televisão ou quando sente dores de cabeça constantes é um motivo para os pais ficarem atentos”, observa.

Na escola, o professor também pode verificar o problema, percebendo se a criança demora pra escrever, demonstra falta de atenção ou necessidade de sentar muito perto do quadro-negro, pode ser que sinta dificuldade em enxergar.

Não sabem expressar

Muitas vezes, a observação do professor pode ajudar a diminuir índices de repetência e levar o aluno a descobrir as riquezas do mundo da leitura e da escrita e a ter gosto pelos estudos.

Problemas visuais na fase pré-escolar devem ser encaminhados sem perda de tempo ao oftalmologista, para evitar o surgimento de doenças oculares graves e até dificuldades de acesso da criança ao conhecimento, alerta o oftalmologista Hamilton Moreira, diretor clínico do Hospital de Olhos do Paraná.

Estatísticas do Ministério da Educação (MEC) comprovam que 22,9% dos casos de abandono escolar são motivados pela dificuldade de enxergar.

Além disso, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, aproximadamente, 12% das crianças brasileiras apresentam algum problema de visão.

Deste total, 15% estão em idade de cursar o ensino fundamental, considerado pelos educadores como uma das etapas mais importante da aprendizagem e desenvolvimento intelectual da criança.

Hamilton Moreira destaca que crianças não sabem expressar as dificuldades de enxergar, por isso cabe aos pais, com a ajuda dos professores e educadores identificarem sinais suspeitos de algum déficit visual para encaminhamento a um especialista.

Uma das recomendações mais repetidas é de que os pais e familiares não devem, principalmente, demonstrar qualquer tipo de inconformismo relacionado à estética, pelo fato da criança precisar fazer uso dos óculos. Ao contrário, precisam estimulá-las sobre a importância que eles representam para a sua saúde de uma forma geral, acrescenta o oftalmologista.

Falta de concentração

Entre os vícios de refração que precisam de correção óptica, a hipermetropia é um dos problemas oculares mais encontrados em crianças e adultos, levando a criança a se queixar de dor de cabeça ou desconforto para ler de perto ou assistir TV.

Já o astigmatismo é uma deformação da curvatura da córnea do olho humano, que faz com que os pequenos não enxerguem de forma nítida. Estudantes, portadores desse distúrbio, apresentam fortes dores de cabeça e fadiga, daí a razão de sempre estarem desatentos e com dificuldades de concentração em sala de aula.

Por sua vez, a miopia acomete três, em cada dez brasileiros. Como a criança não enxerga bem de longe, evita a prática de esportes ou atividades que solicitem visão a distância.

Com isso, tendem a certo distanciamento no convívio social e, muitas vezes, desenvolvem timidez acentuada, provocando outros tipos de preocupações para os pais.

Fácil identificação

É importante detectar os sinais que as crianças exteriorizam e assim tomar as devidas providências o mais rápido possível.

* Esfrega os olhos com frequência, apresentar olhos irritados, avermelhados ou lacrimejantes
* Piscar demasiadamente ou franze a testa para enxergar
* Queixa-se de tonturas, náuseas, dor de cabeça ou sensibilidade excessiva à luz
* Tem lentidão ao copiar as informações
* Fica dispersiva ou indisciplinada ou ainda com aversão à leitura
* Esbarra, tropeça ou cai com frequência
* Sente dificuldade em distinguir cores
* Assiste televisão muito próxima ao aparelho
* Evita brincadeiras ao ar livre
* Aproxima demais livros e cadernos para ler