Cicatriz clareia e diminui, mas não desaparece

Nem toda marca precisa ou merece ser lembrada. Aliás,quando pensa em cicatrizes, é muito provável que você prefira apagar os sinais deixados por um tombo, uma cirurgia ou, até mesmo, pelas espinhas. Os tratamentos para isso estão cada vez mais potentes e incluem desde a aplicação de cosméticos até sessões de laser, preenchimento cutâneo e dermoabrasão (uma espécie de lixamento).

Só é preciso tomar cuidado com a expectativa. “Os pacientes buscam ajuda pensando em 100% de melhora, o que não acontece. É possível clarear e melhorar a textura da cicatriz, a ponto de até ficar imperceptível, mas ela não some”, afirma a dermatologista Carla Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

As marcas no rosto, em geral, são as que causam mais incômodo. Mas a pele dessa região tende a cicatrizar com mais facilidade do que o restante do corpo. Quelóides e manchas mais escuras, na maioria das vezes, são formadas por causa da tendência genética e do tom de pele (quanto mais escuro, mais melanina e mais probabilidade de manchar).

Os cosméticos, geralmente, são usados para melhorar a textura das marcas (é o caso dos cremes com óleo de rosa mosqueta). Mas são raros os casos em que eles bastam: o uso de laser e de infiltrações de corticóides é alternativa bastante comum para diminuir o relevo, por exemplo. O tratamento com corticóides é especialmente indicado para pacientes com tendência à formação de quelóides (as drogas amenizam a coceira e a aparência elevada que estas marcas apresentam).

As técnicas de tratamento variam de acordo com o tipo da cicatriz. Se ela for apenas avermelhada e um pouco alta, cremes ou placas de silicone podem ser boas opções, segundo a médica. Se a cicatriz for muito alta (quelóide), podem ser necessárias sessões de infiltração com triamcinolona (corticóide injetável) ou betaterapia (espécie de radioterapia para tratar quelóide). O laser Starlux fracionado de 1540 nm pode ser útil para melhorar a qualidade de cicatriz e proporcionar um clareamento nela. “O laser Starlux, ao ser aplicado na cicatriz, promove uma remodelação do colágeno dela, trazendo melhora na textura e um clareamento”, diz a dermatologista.

Nos casos em que a cicatriz dá uma leve afundada na pele, o preenchimento é a técnica que oferece melhores resultados. Ele pode ser feito com ácido hialurônico ou com gordura do próprio paciente e, de acordo com a dermatologista, oferece resultados bastante satisfatórios. “O procedimento com ácido é mais seguro e termina com menos sessões do que as aplicações de gordura”, afirma Carla Albuquerque. A dor também é menor com o acido, que vem pronto para injetar. Já a gordura precisa ser retirada (normalmente, da área lateral do joelho). Tanto o ácido hialurônico como a gordura são reabsorvidos cerca de um ano depois da aplicação e precisam ser injetados novamente.

Lixando a pele
Cicatrizes da acne, tatuagem, cicatrizes cirúrgicas, rugas e cicatrizes de catapora podem ser corrigidas com dermabrasão, método de tratamento que consiste em abrasar ou lixar as camadas superficiais da pele. “A dermabrasão pode ser feita manualmente, com lixas, ou com aparelhos elétricos sob anestesia local”, diz a dermatologista. Várias sessões podem ser necessárias e o procedimento não é recomendado na pele negra, que forma quelóides mais facilmente. Durante o tratamento e três meses após o fim dele, o sol deve ser evitado como prevenção às manchas escuras que podem se formar no lugar da cicatriz (como o tecido cutâneo é novo, a atividade dos melanócitos é mais intensa).

Nas cicatrizes de acne, os enxertos também podem ser necessários para tapar os furinhos. A nova pele é colocada e, para igualar a pigmentação, os médicos fazem sessões de dermoabrasão. “Mas não fica totalmente uniforme”, diz a especialista. Peles negras também devem evitar o procedimento.

E a alimentação?
Uma alimentação balanceada contém a quantidade de nutrientes (como zinco, vitamina C, proteínas) adequada para um processo de cicatrização normal. No entanto, não é a alimentação que vai determinar quem vai ter uma cicatriz “feia” ou “bonita”. Fatores com predisposição genética, repouso e proteção da área da radiação solar são os mais importantes.

A hora de tratar
Quem tem tendência a formar quelóides deve informar o médico antes de qualquer procedimento com cortes. Assim, ele pode tomar medidas que previnem a formação das marcas em relevo. Mesmo assim, caso eles se formem, procure tratamento imediatamente. Algumas pessoas relatam dor e coceira, além do desconforto estético.

Cicatriz cirúrgica: espere, pelo menos, três meses para mexer nela. Isso porque ela tende a clarear naturalmente (desde, é caro, que você não exponha a pele ao sol nesta fase.