Câncer de próstata

toque080807.jpgApesar de crescer o número dos homens de meia-idade que procuram por vontade própria os consultórios dos especialistas em urologia para investigarem a presença do câncer de próstata, muitos ainda chegam aos consultórios para atender uma ?exigência? da patroa ou de alguém da família. Bons motivos para essa visita não faltam, afinal um em cada sete homens apresentará problemas na próstata ao longo de sua vida. O câncer prostático é considerado o terceiro câncer masculino mais comum, perdendo apenas para o câncer nos pulmões e no intestino grosso.

?Precisamos chamar a atenção da população para o combate ao câncer de próstata?, salienta o urologista Manoel Guimarães. Estimativas da Sociedade Brasileira de Urologia avaliam que o Brasil possui hoje cerca de 400 mil homens com predisposição à doença, sendo que um em cada seis pode desenvolvê-la. Uma investigação precoce é o único meio de ser detectar a doença no seu início, quando as chances de cura são mais prováveis. Esse diagnóstico só é possível por meio de exames periódicos. No entanto, na maioria das vezes, os tabus que envolvem a sexualidade impedem os homens de fazer até mesmo exames de rotina, como o toque retal, que auxilia na prevenção do câncer de próstata.

Causas desconhecidas

Para os homens que acham o preventivo prostático, como é conhecido o exame de toque retal, ruim, o médico Alessandro Loiola sugere que deva ser considerado o outro lado, o das mulheres. Elas têm menstruação, gravidez, amamentação, climatério, menopausa, celulite, varizes e o preventivo ginecológico, entre outros. ?Pensando com mais calma, um exame de próstata saiu até barato?, compara. ?Quanto mais o conhecimento da doença é difundido, seja pela mídia ou pelos fatores de risco da doença, mais homens estão buscando a ajuda médica para a prevenção?, atesta o urologista Argos Von Linsingen, da Uroclínica.

De acordo com o especialista, as causas diretamente ligadas à doença ainda não são conhecidas. Sabe-se, porém, que a incidência do câncer de próstata aumenta com a idade. Assim, na medida em que a população brasileira envelhece, aumentam as chances de os homens apresentarem o tumor. Com efeito, desde a década de 1980, a mortalidade por câncer de próstata vem aumentando, se tornando um importante problema de saúde pública. ?O diagnóstico precoce é a única maneira de evitar e reduzir a mortalidade, já que é difícil definir com segurança os fatores de risco da neoplasia?, alerta Linsingen.

Para o representante comercial J. R., de 50 anos de idade, a descoberta da doença aconteceu num simples exame de rotina. ?Sempre tive a preocupação com a doença, por isso, desde os 45 anos me submeto ao exame anualmente?, conta. Foi graças a essa freqüência de exames que o médico identificou um pequeno tumor e com uma, até certo ponto, simples cirurgia, extinguiu a neoplasia. Depois de passar por uma cirurgia, o representante se recuperou plenamente, retomando a sua rotina de viagens pelo interior do Paraná.

Comum em idosos

O câncer de próstata começa a incomodar aos homens a partir dos 45 anos de idade, apesar de sua maior ocorrência acontecer, em média, 20 anos depois, aos 65 anos. Os homens com essa idade podem sentir dores ao urinar, apresentar jato urinário fraco e sangramentos. Na presença de qualquer destes sintomas, deve procurar um médico com urgência. Para Valdir de Paula Furtado, chefe do serviço de hepatologia e oncologia do Hospital Pilar, esses sinais podem indicar a ameaça da neoplasia e o diagnóstico precoce, como em outros tipos de câncer, ainda é a melhor forma de prevenção.

O oncologista reconhece que praticamente todos os homens terão câncer de próstata se viverem o suficiente para isso. Trata-se de uma doença comum em idosos, mas a preocupação maior é com a agressividade com que ela ataca o órgão. ?Muitos vivem vinte anos com formas lentas da doença, que tendem a ocorrer em homens mais idosos, enquanto a forma mais agressiva, mais comum em idade inferior, é mais letal?, completa o médico.

Do tamanho de uma noz

Uma boa pergunta é ?para que serve a próstata??. Alessandro Loiola explica que a prostata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor masculino. Sua secreção auxilia o transporte dos espermatozóides produzidos nos testículos, tornando o homem fértil. É também dentro da próstata que ocorre parte da transformação da testosterona, o hormônio responsável por todas aquelas características masculinas.

A próstata cresce pouco até a puberdade, alcançando cerca de 20 gramas por volta dos vinte anos de idade. “Durante décadas, ela fica ali, fazendo seu trabalho quieta e esperando, na tocaia, os efeitos da idade”, ilustra o médico. Isso geralmente acontece entre os 40 e 50 anos, quando a glândula pode começar a crescer de modo alterado.

A próstata é um órgão do tamanho de uma noz, mas com consistência de uma castanha. Sua função é controlar a velocidade, força e freqüência da micção e da ejaculação. Assim, regula o fluxo de urina e do sêmen para o pênis. Se o tecido interior da próstata crescer (hipertrofia), o caminho, já estreito, torna-se ainda mais comprimido, dificultando o ato de urinar. Quando isso acontece, a bexiga não se esvazia totalmente, por isso a urina pode ainda voltar para os rins, causando infecções e lesões.  

Modernas técnicas propiciam alta precisão no tratamento, não atingindo células ou tecidos sadios próximos ao tumor

prostata080807.jpgOs especialistas recomendam que o toque retal deve ser feito anualmente a partir dos 45 anos de idade. Com um simples encostar de dedo, o urologista percebe se a próstata mantém a consistência elástica ou está endurecida. A precisão do exame atinge em média 80%. Outros exames que, combinados, podem aumentar a certeza do diagnóstico, a fim de encaminhar o paciente para biópsia prostática, é o teste sangüíneo do Antígeno Prostático Específico (PSA, sigla em inglês) e a ultra-sonografia da próstata.

O câncer é encontrado, geralmente, nas regiões mais periféricas da próstata e não causa, no seu estágio inicial, nenhum sintoma obstrutivo urinário. No entanto, se não detectado a tempo, torna-se uma neoplasia das mais agressivas. ?Em estágios mais avançados, atinge, principalmente, os ossos, podendo causar fortes dores, sobretudo nas costas e na bacia?, atesta o radioterapeuta José Carlos Gasparin Pereira, da Unidade de Radioterapia (Clinirad), do Hospital Angelina Caron.

Apesar de sua alta incidência, o câncer de próstata possui bom prognóstico de cura pela cirurgia convencional e, especialmente, pelas avançadas técnicas de radioterapia que, a cada dia ganham mais importância no combate à doença. Modernas técnicas de radioterapia têm como importante aspecto social o fato de não provocarem efeitos colaterais como a incontinência urinária e a impotência sexual. Tais seqüelas podem, em certos casos, resultar em problemas quase tão graves quanto a própria doença. ?Além de preservar a próstata, a radioterapia tridimensional e a braquiterapia (ou radioterapia interna), propiciam alta precisão no tratamento, pois não atingem células ou tecidos sadios próximos ao tumor?, garante Gasparin.

Esses dois procedimentos terapêuticos são realizados em sessões ambulatoriais, de curta duração e com rápida recuperação do paciente. O radioterapeuta só lamenta que, apesar dessa importância social, tais técnicas sejam pouco difundidas, pelo fato de não haver no País um número adequado de centros oncológicos capacitados em infra-estrutura, equipamentos e pessoal especializado.

Indicações precisas

Na braquiterapia de alta e de baixa dose de radiação (que são formas de radioterapia interna), fontes radioativas menores do que um grão de arroz são aplicadas diretamente na próstata, atuando com maior precisão no combate das células cancerígenas. Estatísticas comprovam que mais de 90% dos pacientes com câncer localizado (ainda restrito à próstata), estavam sem os sintomas da doença após cinco anos, graças a essa técnica.

A radioterapia externa é indicada para todos os tumores prostáticos, mesmo nos estados mais avançados da doença (quando há a probabilidade do câncer ter extrapolado os limites da glândula), podendo elevar para mais de 50% as chances de cura.

Já o tratamento, conhecido como radioterapia tridimensional, é planejado baseando-se em informações recebidas por ressonância magnética e/ou tomografia e processadas em computadores de última geração. ?Com isso, permite a aplicação de doses de radiação mais elevadas, sem atingir células ou tecidos próximos ao tumor?, explica Gasparin.

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