Festa do Carneiro em Campo Mourão

Um dos maiores e mais tradicionais eventos gastronômicos do Sul do País acontece dia 14 de julho na cidade de Campo Mourão: a 12.” Festa Nacional do Carneiro no Buraco. O excêntrico prato típico do município, localizado na região Centro Oeste do Paraná (a cerca de 450 quilômetros de Curitiba), é cozido em buracos cavados no chão e na sua preparação – que leva 12 horas – são utilizados dez tipos de legumes, um de fruta e oito de temperos, além de carne de ovino. E mais: rituais e lendas cercam a preparação da iguaria que se destaca sobretudo pelo sabor apurado.

Como a cada ano é maior o número de turistas (inclusive de países vizinhos), gourmets e de populares em geral que participam da festa, o número de tachos da comida típica será aumentado este ano de 120 para 130. Os organizadores estimam que mais de oito mil pessoas vão consumir o carneiro no buraco no almoço do dia 14, mas a programação no parque de exposição da cidade começa no dia 12 e a previsão é de que oitenta mil pessoas participem da festa. A programação inclui shows, rodeio universitário “Cowboy Forever”, exposições, leilão de gado, mostra de pequenos animais e a Feira da Agroindústria Familiar, entre outras atrações.

A exemplo dos anos anteriores, o prato típico será servido por cerca de 15 clubes de serviço, colônias radicadas na cidade e outras instituições filantrópicas locais. Os convites já estão sendo vendidos a R$ 12 (adulto) e R$ 6 (crianças de 8 a 12 anos). Para agilizar o atendimento serão colocadas 1,5 mil mesas e seis mil cadeiras à disposição dos participantes, a maior estrutura já montada para a festa. A iguaria será preparada uma vez mais pelo Clube da Panela, uma entidade local que reúne cerca de quarenta profissionais liberais, empresários e lideranças da cidade. Um detalhe importante: o prato típico será servido apenas no almoço do dia 14.

Rituais

O trabalho de aproximadamente cem pessoas na preparação dos 3.250 quilos de carne e 2.665 quilos de legumes na cozinha única para a montagem dos 130 tachos, na véspera da festa (dia 13), tradicionalmente atrai a atenção dos visitantes. Já os rituais – alguns realizados durante a madrugada – atraem milhares de pessoas. É o caso do Ritual do Fogo, que começa às 21h30 da véspera da festa. Acompanhado pela Banda do Buraco, o prefeito Tauillo Tezelli, juntamente com outras autoridades, coordenadores do evento, representantes das entidades participantes e visitantes – todos portando tochas – vão em caravana acender o fogo no buraco número um. Simultaneamente é aceso o fogo nos demais 130 buracos e o ritual é seguido de show pirotécnico.

Duzentos e sessenta metros cúbicos de lenha são queimados nos buracos durante toda madrugada, com as labaredas aquecendo a madrugada fria típica do Sul do País nesta época do ano. Os tachos são colocados sobre o braseiro formado nos buracos por volta das 5h. Em seguida, os buracos são fechados com tampas especiais e vedados com terra.

O último ritual da festa acontece às 10h30 do dia 14, quando uma caravana liderada pelo prefeito vai até o buraco número um para retirar o primeiro tacho. Na seqüência acontece a retirada dos demais 130 tachos no pavilhão coberto inaugurado no ano passado. Às 11h30, as entidades começam a servir o carneiro no buraco, que é acompanhado de arroz branco, pirão (preparado com o caldo retirado do tacho) e salada de almeirão.

Promovida pela Prefeitura de Campo Mourão, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a Festa Nacional do Carneiro no Buraco faz parte do calendário oficial da Embratur e da Paraná Turismo.

Cidade oferece qualidade de vida

A cidade de Campo Mourão está localizada na região Centro Oeste do Paraná, a cerca de 450 quilômetros de Curitiba. Tem oitenta mil habitantes e está estrategicamente situada em um dos principais eixos rodoviários de ligação do Brasil com os demais países do Mercosul: São Paulo-Londrina-Campo Mourão-Foz do Iguaçu-Paraguai/Argentina. O município é cortado por quatro rodovias federais (BRs 487, 369, 158 e 272) e uma estadual (PR 558). Daí o slogan “Onde os Caminhos se Encontram”.

A economia de Campo Mourão ainda é baseada na agricultura e a cidade sedia a Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), que é a maior empresa do gênero na América Latina. Nos últimos anos o município começou a se firmar também como polo de ensino superior e três instituições oferecem vinte cursos de graduação. As indústrias instaladas em Campo Mourão produzem de medicamentos a margarina, de equipamentos odontológicos a doces, de roupas a material adesivado, de equipamentos elétricos a móveis vendidos em todo o Brasil e países vizinhos.

Um dos seus pontos altos é a qualidade de vida. Toda a cidade conta com água tratada e iluminação pública, 55% dispõe de rede de esgoto e mais de 90% das vias públicas são asfaltadas. Mas o principal destaque é na área ambiental: os parques, praças e áreas verdes protegidas (RPPNs) somam 99,7 metros quadrados por habitante. E mais: há cada três a quatro meses são plantadas mais de quarenta mil mudas de flores da época nos logradouros públicos e a cidade tem se projetado a nível nacional pelos programas de vanguarda desenvolvidos na área.

Entre as atrações para os visitantes destacam-se o Parque do Lago, Teatro Municipal, Parque Estadual Lago Azul, Catedral de São José, Estação Ecológica do Cerrado, Museu Municipal “Deolindo Mendes Pereira” e a Rua da Gastronomia.

Filme deu origem ao famoso prato

O cozimento de comidas em buracos cavados no chão era uma prática adotada já no princípio do período de colonização da América do Sul, por volta de 1580, para evitar incêndios nas florestas. Mas a história do carneiro no buraco é mais recente e não seria exagero afirmar que o prato tem origem hollywoodiana. Afinal, o prato típico de Campo Mourão foi inspirado em um filme exibido na cidade no início dos anos 60.

Depois de assistir ao filme, onde vaqueiros preparavam alimentos sobre brasas em um buraco, um grupo de três pioneiros da cidade resolveu experimentar o sistema de cozimento. As primeiras tentativas, conta a história, não foram cercadas de sucesso. Ou os ingredientes não ficavam cozidos ou acabam impregnados pela fumaça. As vezes o problema eram os temperos ou até a falta de combinação entre a carne e os demais ingredientes. Mas os problemas não desanimaram Joaquim Teodoro de Oliveira, Saul Ferreira Caldas e Ênio Queirós, os criadores do carneiro do buraco.

Da primeira receita utilizada à atual foram realizadas inúmeras adaptações para aprimorar a iguaria que, ao longo de muitos anos, foi servida esporadicamente apenas em encontros de amigos e pequenas festas. A tradição se arraigou principalmente na década de 80. Autoridades e outros visitantes ilustres passaram a ser recepcionados no município sempre com Carneiro no buraco.

A partir de um movimento liderado pela confraria da Boca Maldita, em 1990, o município instituiu oficialmente a Festa Nacional do Carneiro no Buraco, que é realizada sempre no segundo domingo de julho. O evento preserva e divulga essa deliciosa tradição de Campo Mourão e de seus colonizadores.

O prato está hoje entre as comidas típicas mais conhecidas do Sul do País e tem um elevado padrão. Em razão da grande quantidade de legumes e tubérculos, agrada até mesmo os vegetarianos. O carneiro no buraco acabou por se transformar no símbolo de Campo Mourão.

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