Abav completa 50 anos de história

Na manhã do dia 28 de dezembro de 1953, época em que se contava nos dedos o número de agentes de viagens atuando no País, quinze agências decidiram unir suas forças para defender seus interesses no mercado de turismo. Naquele dia, numa sala da Confederação Nacional do Comércio (CNC), nascia a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), tendo como sede legal o Rio de Janeiro – na época, Distrito Federal.

Os mesmos agentes de viagens cariocas que idealizaram a Abav integraram a primeira diretoria da associação. Luis Amâncio Tarquínio foi o presidente; Umberto Stramandinolli, o verdadeiro mentor da idéia de fundar uma associação de agentes, assumiu a vice-presidência; David Davies foi o primeiro secretário; Nassib Nadruz, o segundo-secretário; e Hans Habord Von Windheim, Luiz Tarquínio Neto, Roberto Bell Azevedo, Wilson do Amaral Souto, Alfredo Pacheco e José Heitor Pasquinelli ficaram como conselheiros.

Camillo Kahn, que na época assumiu a tesouraria, hoje, no auge dos seus noventa anos, ainda lembra bem dos motivos que o levaram a entrar no grupo dos quinze que fundaram a Abav, atendendo a um chamado especial do amigo Stramandinoli: “A principal causa que nos uniu à época era a luta para conseguir o reconhecimento da profissão. Cinqüenta anos depois, essa luta ainda continua”.

É com tristeza que Kahn lembra o ano de 1986, quando o decreto do então presidente José Sarney eliminou praticamente todas as exigências para a concessão de registros de agências de viagens. “Muitos abriram agências para viajar de graça ou com desconto e comprometeram a qualidade do serviço que prestávamos”, lamenta.

Na época, a Abav foi veementemente contra a desregulamentação do mercado, lembrando que tal decisão poderia gerar distorções futuras, como a falta de capacitação dos profissionais. Mantendo-se coerente com esta posição, a Abav até hoje é rigorosa na aceitação de novos associados.

O Primeiro Estatuto e o Primeiro Congresso A American Society of Travel Agents (Asta) serviu de inspiração para os precursores da Abav. Os primeiros anos da associação foram difíceis. O dinheiro era escasso e o escritório de Stramandinolli na CNC por muito tempo serviu de sede informal para as reuniões do grupo. O conselheiro da Abav/RJ, Isaac Haim, que participou ativamente da elaboração do primeiro estatuto da associação, lembra que somente após o congresso da Cotal, em 1957, em Santiago, no Chile, foi que as delegações estaduais do Rio e São Paulo passaram a trabalhar em conjunto para criar, estatutariamente, uma Abav com representatividade nacional.

“Na época, atentamos para o fato de que tínhamos duas Abavs: uma no Rio e outra em São Paulo, mas não tínhamos uma entidade nacional, que representasse o Brasil no exterior. Depois disso, passamos a elaborar o estatuto da associação”, informou Isaac.

Em 20 de agosto do mesmo ano, a Abav registrou seu primeiro estatuto, documento que hoje faz parte do acervo histórico da Abav/RJ. As páginas amareladas revelam parte da história da associação que, em cinqüenta anos, tornou-se uma das entidades mais representativas e respeitadas do trade turístico.

Primeiro evento

O primeiro congresso da Abav somente foi realizado seis anos após a sua fundação, de 25 de novembro a 1 de dezembro de 1959, em São Paulo. Depois, houve um grande intervalo de quinze anos até a realização do segundo evento, desta vez na cidade do Guarujá, no litoral paulista, em 1974.

O atual diretor financeiro da Abav Nacional, Ricardo Roman, que cedeu o espaço no seu Hotel Delphin para o segundo congresso, lembra das dificuldades de estrutura no período: “Foi o início de minha história na Abav. Fui procurado por Walter Steurer (então presidente da Abav), Leonel Rossi Júnior (Decatur), Antônio Aulísio (Flot), Goiaci Guimarães (Rextur) e Eduardo Nascimento, que precisavam de um espaço para o evento. A feira tinha 350 metros quadrados de estandes e setecentos participantes. No ano seguinte, em Porto Alegre, enviamos por caminhão os estandes utilizados no Guarujá porque não havia outros disponíveis na capital gaúcha”.

Roman acrescenta que, ainda no evento do Guarujá, foi fechado o primeiro acordo operacional entre a Abav e ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis).

O mais importante

Com o passar dos anos, o Congresso Brasileiro de Agências de Viagens e Exposição de Turismo se tornou o maior e mais importante evento profissional do setor em toda a América Latina, passando a se chamar Feira das Américas. São, em média, quatorze mil participantes entre expositores, agentes de viagens, locadoras de veículos, instituições financeiras, órgãos oficiais, operadores, companhias aéreas, administradoras de cartões de crédito, imprensa, entre outros.

Atualmente, a Abav reúne três mil agências que dominam nada menos que 80% do mercado e está presente em 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Luta pela regulamentação

No ano de seu jubileu de ouro, a Abav luta pela regulamentação da atividade dos agentes de viagem e critica a campanha do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) contra o projeto de lei número 22/2003, que regulamenta a atividade e dispõe sobre a sua responsabilidade civil, ora em tramitação no Senado Federal.

O presidente em exercício da Abav, João Martins, diz que a entidade não concorda com o argumento do Idec de que o projeto, se aprovado, “desresponsabiliza” as agências de viagens e turismo. “O que pretendem essas empresas de turismo é responder pelos serviços de intermediação, que prestam e não pela operação de serviços de terceiros prestados debaixo da égide de legislação, que já lhes impõem a responsabilidade objetiva”, afirma o dirigente, acrescentando ainda que “não é do risco empresarial das agências de viagens e viagens e turismo responder por quebras contratuais das empresas aeroviárias e dos hotéis”.

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