Processo nacional dessaliniza água

A falta de água potável em diversas regiões do Nordeste e Norte do País pode estar com os dias contados. Pesquisadores do Laboratório de Referência em Dessalinização (Labdes) da Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba) estão desenvolvendo novas membranas para o processo de dessalinização de águas salobras e salinas. Existem processos para isto nestas localidades, mas que usam membranas importadas, o que gera um alto custo. Futuramente, esta poderá ser uma opção para todas as regiões brasileiras, caso se confirme a previsão de escassez de água potável em poucas décadas.

O professor Kepler França, do Labdes, explica que as águas subterrâneas da região semi-árida do Nordeste são impróprias para o consumo humano. Vários programas federais e estaduais instalaram unidades de dessalinização em municípios atingidos pela seca. A intenção era aproveitar esta água de poços. No entanto, muitas destas unidades não funcionam hoje por causa do alto custo de operação e falta de manutenção.

Em relação ao preço, um dos problemas é a membrana utilizada no processo de dessalinização por osmose invertida (o princípio destas unidades). As membranas são utilizadas na filtragem e purificação da água. Elas são adquiridas no exterior. Diante disso, os pesquisadores partiram para um projeto que chegasse a uma membrana produzida totalmente no Brasil. ?Existem dois tipos de membrana que estão sendo desenvolvidas. Na Paraíba, se pesquisa uma membrana cerâmica e, no Rio de Janeiro (na Coordernação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro), se pesquisa membranas feitas com fibras ocas. O objetivo é baratear fortemente a água produzida por estes processos, o que vai favorecer comunidades carentes necessitadas?, conta França.

As unidades de dessalinização por osmose invertida funcionam como se fossem filtros. As membranas deixam passar a água e a quantidade de sais necessária para o consumo humano. Para ajudar no processo, um motor bomba é usado para causar pressão na água, para que ela passe pela membrana. O resultado é uma água própria para o consumo. Pessoas das comunidades ou das prefeituras locais podem ser treinadas para realizar o processo. ?As vantagens são que as membranas, além de retirarem o sal, deixam a água sem microorganismos, sem bactérias ou coliformes fecais. Especificamente sobre as membranas de cerâmica, elas duram e resistem mais do que as feitas por fibras ocas. Mas também não podem cair no chão?, afirma França.

O pesquisador lembra que o método pode ser implantado para a dessalinização da água do mar. Hoje, a Ilha de Fernando de Noronha (Pernambuco) é abastecida totalmente com água do mar que foi tratada e que passou pela dessalinização. A produção das membranas brasileiras está em fase de consolidação para, em pouco tempo, ser fabricada em escala industrial.

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