Bom sono = qualidade de vida

Uma pesquisa realizada pela Universidade de John Hopkins, nos Estados Unidos, comprovou algo que os médicos e outros profissionais da saúde já sabiam, mas faltava quantificar: pessoas que roncam ou têm apneia que é caracterizada pelas pausas na respiração que ocorrem durante o sono têm menor expectativa de vida. O estudo apontou que essa pessoas têm 50% mais chances de morrer em comparação com os indivíduos sadios, e ainda apresentam um aumento na prevalência de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.

A pesquisa foi divulgada na revista científica Public Library of Science, e acompanhou mais de 6,4 mil homens e mulheres em um período de oito anos.

A explicação para a relação da apneia e do ronco com a diminuição da expectativa de vida está no fato de que quem sofre com isso não passa por todos os estágios do sono, o que é necessário para o bom desenvolvimento do organismo. Como explica o médico do Centro de Distúrbios do Sono de Curitiba, Attílio Melluso Filho, o sono é dividido em cinco fases. Nas duas primeiras, segundo ele, ocorre o sono leve, quando o corpo está começando a relaxar e o relacionamento com o meio vai diminuindo gradativamente. Nas fases três e quatro, o sono já passa a ser profundo e há o total relaxamento muscular, a redução da temperatura corporal, da frequência cardíaca e da pressão. É na fase cinco que a pessoa entra num sono ainda mais profundo, quando ocorrem os sonhos.

“O indivíduo que ronca ou tem apneia não passa para as fases de sono mais profundo, pois acaba tendo o seu sono interrompido cada vez que ronca. Essas marchas-rés do sono são prejudiciais, pois geralmente ocorrem na fase em que o corpo está produzindo hormônios, enzimas e outras substâncias necessárias e essenciais ao seu equilíbrio, ao seu bom funcionamento”, explicou o médico. É por isso que a maior parte das pessoas que sofrem com ronco ou apneia têm enfermidades.

Para se ter uma ideia, 60% dos casos de hipertensão arterial estão relacionados aos roncos. Se considerar que 40% da população sofre com distúrbios do sono, o problema preocupa. Segundo o médico, sua clínica atende, a cada dia, cerca de 26 pacientes com ronco ou apneia, o que dá quase 800 por mês.

Outra conclusão da pesquisa americana o que também já era percebido pelos médicos – foi que os homens roncam mais ou sofrem mais com a apneia do que as mulheres, sendo que a proporção é de quatro homens para uma mulher em um universo de dez. Nos homens, segundo Melluso Filho, o ronco e a apneia aparecem geralmente até os 65 anos de idade, já nas mulheres, depois dessa faixa etária. Isso pode ser explicado, segundo o médico, pela desorganização hormonal no sexo feminino na menopausa. No entanto, os problemas podem ter diversas origens, como as obstrutivas hipertrofia das amígdalas ou da base da língua ou causas neurogênicas como a inativação de um nervo na região da garganta. Porém, a origem hereditária também é bastante comum. As consequências para quem não dorme bem são perigosas, como a sonolência durante o dia, que pode provocar déficit de aprendizado em crianças e até acidentes de trânsito. Outros sintomas diurnos de quem não dorme bem são dor de cabeça, falta de concentração e hipertensão arterial.

Aparelho é indicado para alguns tratamentos

Daniel Caron
Renata: “As pessoas têm que se educar, adquirindo hábitos saudáveis”.

Existem alguns tratamentos para apneia e ronco. Um deles é um aparelho indicado por denti,stas. Esse aparelho tem a finalidade de deslocar levemente, durante o sono, o queixo, a mandíbula e a língua para trás, o que bloqueia a passagem de ar e diminui a apneia.

A ortodontista que trabalha com esse aparelho, Renata Feres, explica que ele alonga a musculatura do pescoço e, consequentemente, puxa um pouco a língua para trás, liberando a passagem de ar. Há algumas limitações, segundo ela, como aqueles pacientes que já têm o queixo deslocado mais para a frente ou dores nas articulações. Para quem usa dentadura também não se indica o aparelho, segundo Renata. O aparelho é somente usado em casos de apneia leve e moderada. Porém, como alerta a dentista, é preciso que o paciente tome algumas atitudes de mudança de estilo de vida para amenizar o ronco e a apneia. “É como um regime. As pessoas têm que se educar. Não adianta só usar o aparelho e fumar, se alimentar mal e não fazer exercícios físicos. Há pesquisas que apontam que o uso do aparelho melhora os problemas em 80% dos casos, mas é preciso adquirir hábitos saudáveis para auxiliar”, alertou Renata. O aparelho tem vida útil de cerca de três anos e custa de R$ 1.500 a R$ 2 mil. Segundo Renata, a apneia é muito perigosa e pode até levar à morte. “Há casos em que as pessoas param de respirar até 50 vezes em uma hora. É muito”, alerta. Renata também dá algumas dicas para as pessoas dormirem bem. “A hora de dormir é hora de dormir. É importante que não haja televisão, dormir de lado e com um bom travesseiro e, ainda, evitar tomar bebidas alcoolicas e café. Relaxar é importante”, diz.

Outros tratamentos são o chamado Cpap, um aparelho que faz uma espécie de bombeamento de ar; ou cirurgias. Segundo Melluso Filho, as cirurgias não são indicadas na maioria dos casos. Um exame realizado no Centro de Distúrbios do Sono, em Curitiba, chamado de polissonografia, detecta o grau de ronco e apneia do paciente e o tratamento é indicado com base nisso. O site do Centro de Distúrbios do Sono é www.sonocuritiba.com.br. Já o site da ortodontista Renata é www.feresortodontia.com.br.

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