Conta mais, tião!

Tião Abatiá conta como ganhou vaga no União

“Eu cheguei no União Bandeirante no começo de 1966 e fiquei lá até agosto de 1971, quando eu fui para o Coritiba. Antes de deixar o União eu tive uma passagem pelo São Paulo no começo de 1971. Mas quando eu cheguei em Bandeirantes, não foi fácil, porque a dupla era Paquito e Carlinhos. Este Carlinhos jogava muito. No ano de 1966 eu passei um perereco. Quando entrava, era para atuar nas pontas, porque não entrava nem no lugar do Carlinhos, nem no do Paquito. Aí teve um jogo contra o Jandaia do Sul no dia 9 de setembro de 1967. O Jandaia armou um time muito bom naquele ano. E não dava moleza para ninguém”, recorda o atacante em seus primeiros jogos no União Bandeirante.

“Naquele ano só podia fazer substituição até o final do primeiro tempo. E o Carlinhos naquele jogo contra o Jandaia não estava bem. O nosso técnico que era o De Sordi me chamou e disse: você vai entrar. Eu peguei a ficha e ele disse que era no lugar do Carlinhos. Nunca tinha entrado no lugar do Carlinhos. Por isso que eu digo que futebol é uma coisa que tem que ter sorte. Eu entrei aos 42 minutos do primeiro tempo, na única bola que eu peguei, um passe do Tião Macalé, que me lançou bem do jeito que eu gosto, na esquerda e eu mandei um canhão. Foi na caixa”, diz Tião Abatiá fazendo um gesto com as costas da mão direita batendo na palma da mão esquerda. “Um a zero. Nós fomos para o intervalo, eu voltei e fiz mais um gol. Eu peguei a bola no meio-campo e sai driblando todo mundo. Dois a zero. Eu nunca mais eu sai do time. Depois deste segundo gol, Carlinhos nunca mais foi titular”, diz ele.

“Na realidade, ele nunca mais jogou de centroavante. O pessoal ainda hoje me diz que eu acabei com a carreira do Carlinhos, coitado. E ele era um bom jogador. E depois disso eu me firmei no União Bandeirante. Eu costumo dizer o seguinte: o União me lançou para o Paraná e o Coritiba me lançou para o Brasil”.

Avião

“O Almir de Almeida foi buscar a gente de avião em Bandeirantes. Nós viemos de empréstimo para o Campeonato Brasileiro. Para nós era um bom negócio. Nos ofereceram quatro vezes mais do que a gente ganhava no União. Se desse certo, a gente ficava. Se não desse a gente voltava e não perdia nada. Saímos de Bandeirantes e descemos no Bacacheri.

A imprensa estava toda lá. Chegamos numa quarta-feira. Os treinos de quinta e sexta-feira estavam cheios de gente querendo conhecer a dupla caipira do interior”, conta Tião Abatiá sobre o seu começo no time do Alto da Glória. “Chegou o domingo do jogo, dia 18 de agosto de 1971, nós estreamos contra a Portuguesa, no Belfort Duarte.

O time ganhou de 2×1. Eu marquei um e o Paquito fez o outro. A gente teve sorte, começou bem e aí embalou”, diz Tião Abatiá. “A nossa atuação no campeonato superou qualquer expectativa e ao final do contrato de empréstimo, que tinha cláusula fixando valor dos passes se o Coritiba se interessasse em ficar com nossos passes, os dirigentes do Coxa nem fizeram cara feia: foram em Bandeirantes, pagaram e voltaram felizes da vida para a capital. E para nós também foi bom”, resume o atacante sobre sua vinda para Curitiba.

Compadre

Arquivo

“Paquito é meu compadre. Sou padrinho do Juliano, o filho dele, que jogou durante quatro anos em Portugal. O pessoal chama ele de Paquitinho”.

Pênalti, não

“Eu bati apenas um pênalti na minha vida e ainda assim o goleiro pegou. Não bati mais. E não foi por cisma, não. Joguei em times que sempre tinham bons cobradores. No Coritiba, por exemplo, tinha pelo menos cinco. Se tinha outros para bater, não precisava que eu batesse. O meu negócio era fazer gols. E eu fazia com as duas pernas. Eu sempre tive faci,lidade em jogar com as duas, mas sempre gostei da bola caindo pelo lado esquerdo, porque a minha perna esquerda tinha chute mais forte. Se a bola estivesse em movimento, eu gostava de chutar com a esquerda. Mas se ela estivesse parada, eu gostava de chutar com a direita”.

O Tim é o Tim

“O bom técnico é aquele que faz você render bem dentro de suas características. Para mim, técnico mesmo era o Elba de Padua Lima, o Tim. Aquele sabia mexer. Naquele jogo contra o Corinthians em que viramos, ele mostrou o que é ser um bom técnico. Para mim, foi o melhor técnico que conheci. Ele sabia fazer o jogador render dentro das características dele”, diz o atacante.

No Coritiba

A última partida de Tião Abatiá no Coritiba foi no dia 4 de dezembro de 1976 contra o Grêmio Maringá. Ele marcou um dos gols da vitória Coxa por 2×1. Ele fez 160 jogos com a camisa do Coritiba, marcando 63 gols. No Coxa ele conquistou os títulos de campeão paranaense de 1972, 1973, 1974 e 1975.

Adeus na Vila

“O Colorado foi o meu último clube. Eu joguei dois campeonatos na Vila Capanema. E eu fui bem lá. Tanto que em 1976, eu disputei a artilharia do campeonato paranaense gol a gol com o Paquito. No final ele foi artilheiro com 25 gols pelo Grêmio de Maringá e eu fui vice-artilheiro com 24.”