Camisa adversária

Jogadores que trocaram de time entre Londrina e Maringá

Assim como ocorre com Atlético e Coritiba, na capital, nas duas grandes cidades do Norte do Paraná há casos de craques que jogaram pelo time de uma cidade, como se diz na gíria, horando a camisa, mas depois de algum tempo, acabaram envergando a camisa do outro time. Os maiores exemplos que me recordo são os dos maiores ídolos londrinenses: Carlos Alberto Garcia e Gauchinho. Antes de ser ídolo em Londrina, estava cotado para ir para o Grêmio de Maringá.

“Como eu tinha uma namorada em Londrina e não queria me encontrar com um sujeito que estava indo para o Grêmio, eu vim para Londrina e me dei bem”, confessou Carlos Alberto Garcia no final do ano passado, na empresa em que ele trabalha na Avenida Higienópolis. Só que depois de jogar pelo Londrina, Carlos Alberto foi vendido para o Vasco da Gama, que o emprestou para o Grêmio de Maringá em 1980. Que tinha um timaço, mas o atacante não emplacou. Parecia mandinga de torcedor londrinense. “Eu me machucava, não conseguia render meu futebol. Não deu certo, embora o pessoal do Grêmio fosse bacana comigo”, confessou o atacante. Aí Carlos Alberto voltou para o Londrina no ano seguinte e foi campeão. Adivinha contra quem? Exatamente, contra o Grêmio de Maringá. É coisa de louco!

O centroavante Itamar Bellasalma, que marcou o gol do título do Grêmio de Maringá contra o Coritiba, em 1977, na última decisão estadual de um clube maringaense, também jogou no Londrina pouco tempo depois da conquista. Itamar voltou ao Grêmio e quando resolveu ser técnico ele dirigiu os dois times. O meia-direita Adoilson, que foi ídolo no Grêmio de Maringá, e se tornou um dos maiores ídolos da história do Paraná Clube e do Vitória, também defendeu o Londrina, em 1988. Ele começou a despontar para o futebol em Maringá, onde ainda mora e dez anos depois encerrou a carreira. No Londrina.

Tem o caso do Gauchinho, outro ídolo histórico do Londrina, centroavante campeão que defendeu o Grêmio de Maringá. Mas, se não me engano, foi por uma partida. Mas eu que vi Gauchinho muitas vezes com a camisa do Londrina, também o vi uma vez com a camisa do Grêmio. O caso mais triste deste intercâmbio de jogadores, foi o de Pinduca. A presente história pode conter algumas imprecisões porque ouvi de bole8iros da época e há muito tempo. Mas ela seria a seguinte: Pinduca foi um zagueiro campeão paranaense pelo Comercial de Cornélio Procópio em 1961.

Quando o Grêmio quis montar um esquadrão para ganhar o campeonato, tratou de contratar o zagueiro que era mais violento que Pescuma. Pinducão, negro alto e forte, tinha fama de bater até na mãe se ela entrasse em campo com o uniforme adversário. Num daqueles clássicos do Café, ele teria entrando com tanta violência no atacante Martins, que quebrou a clavícula do sujeito. O presidente Carlos Antônio Franchello, um Evangelino Neves de Londrina, ficou tão revoltado que jurou acabar com a carreira do zagueiro.

Vingança é prato que se come frio. Algum tempo depois daquele jogo, o Londrina contratou Pinduca. Dizem que Franchello colocou o jogador na geladeira. Ele não jogava. Pinduca já não era novo. Sem jogar, ele engordou, perdeu a condição técnica e física. No fim do contrato não teve saída que se aposentar. Eu soube há alguns anos que ele terminou seus dias como estivador no porto de Santos, onde morreu.

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