“Lula não assusta mais o empresariado”, diz ‘Le Monde’

O jornal francês Le Monde publica nesta sexta-feira uma reportagem sobre a relação do empresariado brasileiro com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Segundo a matéria “Lula não assusta mais o empresariado brasileiro”, assinada pela correspondente Babbete Stern e que já está disponível na página do Le Monde pela internet (www.lemonde.fr), o empresariado brasileiro mudou de opinião em relação a Lula e mesmo os que não o apóiam não têm mais motivo para qualquer tipo de temor.

A repórter cita inicialmente o caso do ex-presidente da Fiesp, Mário  Amato, que havia declarado, antes das eleições de 1989, “que se Lula ganhasse, 800 mil empresários fugiriam do País”. Hoje Amato diz privadamente que “não diria mais a mesma coisa”, mesmo se “Lula fosse o mesmo daquela época – o que não é o caso  pois o próprio mundo mudou”. Já o presidente da Fiesp Horácio Lafer Piva, diz o Le Monde, prefere não declarar uma posição oficial em favor desse ou daquele candidato mas, segundo ele, “em política não se pode sempre se opor a quem não se gosta”.

A reportagem também destaca que, apesar de vários empresários já terem aderido à bandeira petista, pois estão “preocupados em repensar a relação patrão-empregado”, grande parte é “conservadora e com uma opinião pouco lisonjeira sobre o candidato Lula”. Um dos empresários entrevistados, mas que não foi identificado, acha que Lula não seria “capaz de compreender a complexidade de uma administração com três níveis: federal, estadual e municipal”.

Porém, ressalta a repórter, mesmo entre esses empresários, “Lula não assusta mais”. “Eles sabem que o próximo presidente terá uma margem de manobra limitada” por causa do acordo com o FMI, “que condicionou sua ajuda a políticas econômicas ortodoxas”. Além disso, diz a matéria, “as declarações de Lula sobre a prioridade dada às indústrias locais e a um certo retorno ao nacionalismo econômico fazem com que os empresários possam entrever oportunidades para novos negócios”.

Mesmo assim, prossegue a reportagem, muitos desconfiam da versão “light” de um governo de Lula, que poderia ser pressionado, por exemplo, pelos sem-terra. Por isso, muitos empresários ainda preferem votar no candidato do governo, já que, “apesar de sua falta de carisma e de uma campanha fraca, José Serra teve habilidade de se afastar da política levada pelo governo Cardoso, em baixa nas pesquisas de popularidade”.

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