Motoristas e cobradores fizeram um ato do “Setembro de Luto” nesta quarta-feira (20), na Praça Rui Barbosa, no Centro de Curitiba. Eles se reuniram e juntos pediram mais segurança no transporte público. Dois caixões e uma cruz foram colocados na praça para lembrar os funcionários que morreram.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, reforçou as três principais demandas da categoria: instalação de câmeras de segurança no coletivo, mais apoio da Guarda Municipal e a criação de uma delegacia especializada em crimes cometidos dentro dos ônibus.
“Com essas mudanças a gente resolve uma série de problemas. O primeiro passo é a instalação de câmeras. Precisamos de um primeiro passo, e o que a gente não vê é esse primeiro passo sendo dado”, enfatizou Anderson.
Com o alto número de assaltos registrados nos últimos meses, o medo é constante para aqueles que trabalham no transporte público. O cobrador João Carlos Peireira Costa não esconde a tristeza. “A gente fica triste com esses episódios de violência. Um pai de família sai pra trabalhar, deixa seus filhos e volta em um caixão. Eu sou pai de três filhos e quando saio pra trabalhar, não sei se volto pra casa”, comentou.
Muitos passageiros passaram pelo local da manifestação e disseram apoiar os motoristas porque também se sentem inseguros. “Eu presenciei um assalto dentro de um ônibus. Acho que precisa de segurança quando está lá dentro porque nós estamos à mercê dos bandidos. Estamos presos e eles estão por aí, roubando”, afirmou Dalva Ivankio, 65 anos.
Outra mulher também disse estar amedrontada e considera os protestos justos. “Eu acho as manifestações válidas. A vida deles e a da gente estão em risco. Alguma coisa precisa ser feita por eles e por nós.” Célia Lima, 59.
Nesta quinta-feira (21) acontece uma audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba para tratar da insegurança. Segundo o presidente do Sindimoc, não haverá paralisação nesta quinta, mas “ainda é cedo pra descartar novos atos”.
Setembro em Luto
Os atos começaram no dia 5 setembro e o cronograma apresentava uma série de paralisações de uma hora por dia em determinadas linhas de ônibus, mas segundo o Sindimoc, diante das ameaças de descontos nos salários e demissões, todas as ações foram canceladas do dia 12 de setembro em diante. Com exceção do ato desta quarta-feira.
Ataques
Entre o fim de agosto e início de setembro, foram quatro casos graves de ataques contra motoristas, cobradores e passageiros na Grande Curitiba. No mês passado, houve até morte. O motorista Edmilton José de Melo, 45 anos, foi assassinado por ladrões durante um arrastão à linha Curitiba-Jardim Paulista, na BR-116.
Nesta quarta-feira ainda houve registro de um abuso dentro de um ônibus no Terminal do Barreirinha. O homem foi detido por um vigilante e um fiscal da Urbs, até que a Guarda Municipal chegasse. Ele foi encaminhado a Delegacia da Mulher, e foi solto logo após assinar um termo circunstanciado, já que foi enquadrado como “perturbação de tranquilidade”.