A vida sem ele

“Sem Petraglia”, Atlético revive cenário de luta contra rebaixamento

Sem Petraglia, Luiz Sallim Emed vira, em tese, o presidente de direito e de fato do Atlético. Foto: Arquivo

Jejum de vitórias, troca no comando técnico, mudanças radicais no elenco, risco de rebaixamento e agora o afastamento do presidente do conselho deliberativo, Mário Celso Petraglia. O Atlético parece estar vendo o filme de 2008 passar novamente a sua frente, quando lutou até o fim contra o descenso à segunda divisão. Um dia depois de sofrer mais uma derrota em casa, desta vez para a Ponte Preta, o clube anunciou que Petraglia, cabeça pensante da diretoria do Furacão, pediu afastamento para tratar de problemas pessoais.

Algo parecido com o que aconteceu na temporada de 2008. Mário Celso Petraglia, quando o Atlético lutava contra a degola no Brasileirão, se afastou do clube e deu lugar para Marcos Malucelli, até então diretor jurídico do Furacão. Petraglia, então, perdeu poder no Atlético e Malucelli, que assumiu o departamento de futebol e livrou o clube do rebaixamento, se elegeu no ano seguinte como presidente rubro-negro.

Naquela situação, Malucelli não seguiu a cartilha do homem-forte do Furacão. Para comandar a equipe, contratou Geninho, desafeto de Petraglia. Deu certo, mas um rompimento era inevitável. Foi o que aconteceu – eleito, Marcos Malucelli se afastou e passou a ser bombardeado por críticas feitas por Petraglia e por seus aliados. Com o rebaixamento do Atlético no Brasileiro de 2011, MM não elegeu o seu sucessor, que foi exatamente o seu hoje maior adversário político. O ex-presidente acabou expulso do quadro de sócios do clube por conta da negociação de Santiago “El Morro” Garcia, em processo conduzido por Petraglia no Conselho Deliberativo.

Segundo a nota divulgada pelo Atlético, Mário Celso Petraglia se afastou do clube no dia 19 de julho. Anteontem, na derrota para a Ponte Preta, sequer foi à Arena da Baixada para acompanhar mais um fiasco do time rubro-negro dentro de casa no Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, foi alvo de críticas e xingamentos de grande parte do público presente no Joaquim Américo.

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Mário Celso Petraglia, na verdade, tem até um relacionamento aberto com os torcedores do Atlético. O dirigente, quando questionado em seu telefone particular em conversas de WhatsApp, chega a discutir com torcedores. Na maioria das vezes são discussões mais ríspidas e o dirigente não economiza na forma mais rude de falar.

Ainda de acordo com a nota oficial divulgada pelo Atlético, o clube garante que o planejamento será mantido, independentemente do afastamento do então presidente do conselho deliberativo. “É importante ressaltar que o projeto do Clube Atlético Paranaense será mantido dentro do previsto em planejamento”, afirmou o texto, como se avisasse quem continua no clube de que não se pode mexer no que foi decidido por Petraglia. Quem ocupa a sua vaga é o primeiro vice-presidente do clube, Aguinaldo Coelho de Farias.

Por que?

O afastamento de Mário Celso Petraglia está consumado, mas os reais motivos ainda são desconhecidos. Nos bastidores, comenta-se que o motivo teria sido a dificuldade nas tratativas com os poderes municipal e estadual para que a divisão da reforma da Arena da Baixada fosse feita com o valor integral da obra. Agora afastado do cargo, o dirigente, oficialmente, perde o poder de tentar resolver esse impasse. O maior problema hoje da CAP S/A é com a Fomento Paraná, instituição financeira estadual que deverá ser dirigida pelo ex-presidente do Coritiba Vílson Ribeiro de Andrade, outro com quem Petraglia se desentendeu várias vezes.

O presidente do conselho administrativo, Luiz Sallim Emed, passa a ganhar mais força a frente do clube. Considerado coadjuvante diante da presença de Mário Celso Petraglia, o mandatário atleticano pode se firmar de vez como homem forte do Furacão a partir de agora. Esfacelado dentro e fora de campo, o certo mesmo é que o Rubro-Negro precisa traçar um novo rumo no Brasileirão para não correr risco de rebaixamento à Série B do ano que vem.