Ronaldinho, a bola e as polacas

Na época em que a expectativa já se consumava como notícia certa um fato, seria possível afirmar que Ronaldinho Gaúcho seria do Coritiba. Os tempos mudaram e o jornalismo passou a se preocupar muito com o ato formal. Como jornalista, eu gosto de correr risco do erro. Juntando informações, é possível afirmar que Ronaldinho irá ser coxa. Só um fato extraordinário, e que a essa altura é improvável, irá tirá-lo dos coxas. O presidente Bacellar mandou que Belletti e Alex Brasil ajustassem os últimos detalhes. E convocou uma reunião, as 9h da manhã de hoje com os vices para comunicar a sua decisão.

Acertado o dinheiro, Ronaldinho não precisa muita coisa. E o Coritiba já tem: uma mansão no Alphaville para as suas delícias, uma bola e um campo para fazer um jogo de bobo. O resto, e que é o mais importante, e se o prefeito Greca não continuar impondo regras de exceção para se viver à noite, Curitiba tem.

Da Curitiba das crônicas de Dalton, felizmente só restaram as “polacas”. Já sem os seus mistérios e os seus vampiros, tem tudo que Ronaldo deseja: um bom churrasco, uma noite discreta e sem melancolia e sempre uma versão renovada e inesgotável daquelas polacas. Nem as plantonistas gaúchas e cariocas serão importadas.

Ronaldinho “o verdadeiro fenômeno”, como na sua época nobre me definiu Alex, não tem conflitos internos, é uma pessoa do bem. Não se pode exigir que Ronaldinho não seja Ronaldinho. Não se pode querer que seja um atleta ou uma pessoa qualquer, pois não sendo Ronaldinho como é, perderá a graça.

“Para ser grande; sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui”, está no poema de Fernando Pessoa. O notável Dante Mendonça dirá que Ronaldinho era o que faltava na República de Curitiba.

Escondidos, há ganhos recíprocos entre Curitiba e Ronaldinho. Para Curitiba, porque com o seu único ídolo, não é possível conviver: o juiz Sérgio Moro, não pode se expor. Para Ronaldinho, Curitiba lhe cairá bem. É discreta e lhe tem tudo o que quer. Não sei das suas intenções finais, mas é uma cidade própria para se viver uma rica aposentadoria.

Em tempo: Ave, Petraglia.