Arte nas ruas

Centro de Curitiba tem o colorido das obras de artista curitibano em muros e fachadas

Entre as janelas da lateral da Casa Hoffmann, o rosto marcante da obra “Preta do Sul” observa o fervilhar de pessoas na histórica região do São Francisco. Foto: Divulgação/Leo Flores

Em muros ou fachadas da região central de Curitiba, as cores vibrantes, as linhas marcantes e a representação humana única do artista curitibano Rimon Guimarães são facilmente identificáveis. Há mais de uma década, o grafiteiro se tornou um dos principais nomes da arte local e superou as fronteiras da terra das Araucárias, deixando seus traços em 27 países ao redor do mundo.

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Nessa trajetória, uma das obras mais relevantes e que passaram a compor o cenário diário do curitibano é a pintura feita na lateral da Casa Hoffmann. O espaço, localizado no São Francisco, é público e abriga atualmente um centro de estudos da dança, do teatro e de outras manifestações artísticas. A arquitetura do final do século XIX e a contemporaneidade da obra de Rimon dão um contraste que reflete Curitiba, uma cidade que se apresenta moderna e vanguardista, sem deixar de lado o valor da história e do passado que a construiu.

A arquitetura do final do século 19 e a contemporaneidade da obra de Rimon dão um contraste que reflete Curitiba. Foto: Divulgação/Leo Flores

A pintura “Preta do Sul” foi produzida em 2017 e nos apresenta em primeiro plano uma mulher negra, vestida com um turbante e roupas coloridas, diante de uma bela paisagem. O desenho substituiu outra obra do próprio Rimon. Na ocasião, ao invés de restaurar a versão anterior, o artista optou por uma nova intervenção. “Esse mural eu havia pintado em 2011 pela primeira vez, pela Bienal de Curitiba. Mas, em 2017, a pintura já estava descascando e tive a oportunidade de repintá-la”, relembra.

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Sem vaidades ou apego, Rimon trouxe ainda mais personalidade ao novo painel, com menos abstrações na composição e dando ainda mais destaque à figura humana, protagonista da peça. “Na arte, eu gosto de fazer o que eu nunca fiz. Não teria graça se eu apenas restaurasse. Já havia passado seis anos, minhas ideias e meus pensamentos de arte tinham mudado. Um desafio para mim era fazer uma arte nova, pois a que estava lá já havia cumprido seu papel. Quando fazemos obras em espaço público, temos que estar cientes de que elas são efêmeras. Afinal, tudo é efêmero”, explica a decisão.

Mensagem

A arquitetura do final do século 19 e a contemporaneidade da obra de Rimon dão um contraste que reflete Curitiba. Foto: Divulgação/Leo Flores

Em entrevistas, Rimon invariavelmente é instado a responder quais mensagens e interpretações buscou apresentar ao público a cada desenho que produz. Mas já é costume do artista reforçar que não há interesse em obrigatoriamente passar um recado. Segundo ele mesmo, é a percepção de cada um que observa sua obra que a transforma em alguma reflexão, de fato. “A arte tem que falar por si só, com signos visuais e trazer a associação do que as pessoas vão sentir. Mensagem, claro, sempre há alguma. Ou, às vezes, quando você termina a obra, você percebe que há uma mensagem ali, talvez por ser uma manifestação do subconsciente”, argumenta.

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No caso da “Preta do Sul”, como o próprio nome deixa explícito, há a representação de uma mulher negra, moradora local. De acordo com o grafiteiro, a proposta inicial era destacar a representatividade negra na região, muitas vezes negada ou apagada no decorrer da história. “Achei que era importante ter uma representação negra em larga escala, grande. Fiz uma negra com turbante, então as pessoas fazem ligação com a Bahia, com a África. Mas eu quis trazer essa representação de Curitiba. Às vezes, a gente imagina as coisas longe, mas elas estão do nosso lado e não prestamos atenção”, relata o artista. “Não sei se é essa a mensagem, mas esse é o signo visual que eu quis representar”, completa.

A inspiração para esse e para outros murais, diz Rimon, está nas ruas e nos rostos que transitam por Curitiba, do Centro Histórico às periferias. “Eu sou influenciado também pelas pessoas que eu vejo, pelas etnias, cada vez que eu vejo me inspira mais”, destaca.

Sobre o artista

A pintura foi produzida em 2017 e nos apresenta em primeiro plano uma mulher negra, vestida com um turbante e roupas coloridas, diante de uma bela paisagem. Foto: Divulgação/Leo Flores

Rimon Guimarães é curitibano, nasceu no ano de 1988 e desde muito cedo enveredou para as artes visuais, começando na arte de rua com a colagem de lambe-lambes. Apesar do grafite ser seu trabalho mais reconhecido, Rimon atua também na música, no design de peças de vestuário e em outras áreas culturais.

Seu talento natural rapidamente o fez criar uma identidade, especialmente na construção de seus personagens humanos. “Quando comecei a pintar coisas na rua, via que na galera do grafite tinha muito isso de ter uma identidade própria, de achar um estilo que as pessoas conseguissem identificar, com estilos muito característicos, marcados”, conta.

De Minsk à Amsterdã, de Curitiba à São Paulo, as faces desenhadas em suas obras são os elementos centrais de uma arte curitibana com a influência das mais diversas etnias e culturas. De acordo com Rimon, essa identidade ficou mais forte a partir da simplificação do rosto humano. “Essa simplificação do ‘T’, juntando a sobrancelha e o nariz é algo que, além de mim, vários povos chegaram a simplificações similares, desde a Pré-História, desenhos celtas, chineses, dos povos pré-colombianos. Então, é um ponto em comum humano, talvez, de chegar à representação do rosto de uma forma simples”, detalha.

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