Clássico no Palco!

Bois de Parintins trazem rivalidade histórica ao Festival de Curitiba

Fotos: Colaboração/ Daniel Sorrentino

Os palcos do Festival de Curitiba estão acostumados a receber grandes doses de emoção, alegria, reflexão e diversão. Mas na edição deste ano, que começa na segunda-feira (25), o festival tem entre suas principais atrações um espetáculo conhecido mesmo pela rivalidade.

Integrante da mostra de grandes musicais, o espetáculo “Caprichoso e Garantido: O duelo da Amazônia” traz para o palco do Teatro Positivo um clima digno de um clássico Atletiba, com a histórica disputa entre Caprichoso e Garantido, que já virou patrimônio cultural do Amazonas.

Herdeiros da tradição dos bois-bumbás típicos das regiões Nordeste e Norte do Brasil, os dois grupos disputam há várias décadas o coração da população de Parintins, cidade amazonense localizada às margens do Rio Negro, próximo à divisa com o Pará. Rivalidade que cresceu ainda mais a partir de 1965, quando as disputas deixaram as ruas da cidade para se concentrar em um único local, com as duas agremiações dividindo o mesmo espaço.

De lá para cá, os dois bois ganharam uma dimensão que nada fica a dever, e muitas vezes supera, a das escolas de samba do Rio de Janeiro. Consolidada regionalmente, o Festival de Parintins lota o “bumbódromo” e atrai turistas do Brasil e do exterior. E pela primeira vez chega ao sul do país, para duas apresentações no Festival de Curitiba, nos dias 26 (terça-feira) e 27 (quarta-feira), às 20h30.

Clima de estádio

O público que for conferir as duas apresentações dos bois terá uma prova de uma rivalidade daquelas que só se veem mesmo nos estádios de futebol. Daquelas que impedem o fã de um dos lados de citar o nome ou usar as cores do rival. Uma disputa que praticamente divide Parintins entre as cores azul (Caprichoso) e vermelho (Garantido). Nada muito diferente do que acontece em Curitiba, com a rivalidade agora centenária entre Athletico e Coritiba.

“A rivalidade é muito mais antiga do que o festival de Parintins. Antigamente os bois rivalizavam nos desfiles pelas ruas e era comum que a torcida de um dos lados atacasse os rivais com muita violência. Era comum que eles se agredissem a pauladas a até mesmo jogando mingau quente nos rivais. E foi só quando a igreja organizou um festival para conseguir recursos para uma obra, nos anos setenta, que a disputa passou a ser mais organizada e ganhou o status de manifestação cultural respeitada. Mas sem perder a rivalidade, que faz com que as pessoas de um boi só se refiram ao outro como ‘o contrário’, por exemplo”, conta Ericky Nakanome, diretor artístico do Boi Caprichoso, que também é historiador e profundo conhecedor da tradição dos bois parintinenses.

“Antes da criação do festival, a brincadeira estava ficando muito perigosa. Rolava um ‘pancadão doido’ e a folia passou a ser marginalizada. Foi quando se resolveu fazer o festival e o pároco da catedral aproveitou para lançar uma campanha para arrecadar recursos para finalizar a construção da igreja. Dessa forma se valorizou a cultura e hoje o festival é a grande atração da cidade. E ao longo do processo houve a ideia de um boi respeitar o outro durante as apresentações. Hoje a rivalidade continua forte, mas é mais uma questão de ‘tirar um sarro’ dos torcedores do outro lado”, confirma Alder Oliveira, diretor musical do Boi Garantido.

Fotos: Colaboração/ Daniel Sorrentino

Longa viagem

Nakanome ressalta que um dos maiores desafios para trazer a disputa dos bois para Curitiba foi a questão logística. Para chegar em terras paranaenses, fantasias e cenários tiveram que ser cuidadosamente desmontados e embalados antes de seguir viagem, subindo o rio, até Manaus; e de lá viajar de avião até o destino final.

“Temos que fazer uma adaptação gigantesca do nosso espetáculo para caber em um teatro, mas já temos experiência nisso. Já nos apresentamos no Teatro Amazonas (em Manaus), por exemplo, mas agora a logística é mais complexa. Não é sempre que uma manifestação popular, nascida na beira do rio, é reconhecida dentro de um festival de teatro. Estamos levando a ‘cara’ da cultura parintinense para um novo público e isso nos orgulha muito. É importante para que mais pessoas entendam a importância da amazônia para além da floresta, porque debaixo de tanto verde tem gente, têm artistas produzindo um espetáculo grandioso, com cada grupo respeitando suas tradições e querendo superar o outro”, destaca.

Oliveira também enfatiza a diversidade que os bois representam e conta que as apresentações em Curitiba são uma espécie de ‘pausa’ na acirrada disputa entre os dois bois.

“Vamos apresentar um modelo diferente, com uma banda mista, formada por integrantes dos bois. Apesar da rivalidade, a gente tem a consciência de que precisamos atravessar fronteiras e mostrar a nossa diversidade cultural. Nosso espetáculo tem influências dos negros, dos indígenas, dos nordestinos, criando o ritmo de Parintins e o espetáculo que é considerado o maior a céu aberto do Brasil”, explica.

Essa diversidade ganhou bastante visibilidade com a participação de Isabelle Nogueira, a cunhã-poranga (que significa “mulher bonita” em tupi-guarani) do Garantido na atual edição do Big Brother Brasil. “Com o jeito tranquilo dela, a Izabelle está representando muito bem a nossa cultura e fazendo com que mais gente conheça e valorize o nosso festival”, complementa Oliveira.

Fotos: Colaboração/ Daniel Sorrentino

Temporada de musicais

Novidade na edição do Festival de Curitiba deste ano, a temporada de musicais é uma mostra somente com atrações de teatro musical, que unem a arte da interpretação, da dança e do canto. Em sua estreia, a mostra pretende celebrar a magia do teatro musical com quatro atrações, nos palcos do Teatro Guaíra e Teatro Positivo.

Além de “Caprichoso e Garantido: O duelo da Amazônia”, fazem parte da mostra três espetáculos que contam a história de grandes personalidades brasileiras: Carmen Miranda, Ney Matogrosso e Silvio Santos.

A comédia musical “Silvio Santos Vem Aí!”, escrita por Marília Toledo e Emílio Boechat e dirigida por Fernanda Chamma e Marilia Toledo, faz um recorte na vida do apresentador e empresário Senor Abravanel de sua infância, quando era camelô no Rio de Janeiro, até a década de 90, logo após a consolidação do SBT. Com personagens icônicos como Gugu Liberato, Hebe, Elke Maravilha, Wagner Montes, Bozo, Pedro de Lara entre outros, com músicas que marcaram essas décadas e animaram os programas de auditório, o espetáculo promete agradar todas as gerações.

O espetáculo terá duas apresentações no domingo (31), às 16h e às 20h, no Teatro Positivo.

O espetáculo “Ney Matogrosso – Homem com H” explora momentos e canções marcantes na trajetória do cantor sem seguir necessariamente uma ordem cronológica. A história começa em um show do Secos & Molhados, em plena ditadura militar, quando uma pessoa da plateia o xinga de “viado”. Essa cena se funde com momentos da infância e adolescência do artista. E, dessa forma, outros episódios vão se encadeando na cena.

Serão duas apresentações no Teatro Guaíra, dias 1º (segunda-feira) e 2 (terça-feira) de abril, sempre às 20h30.

E o musical “Carmen, a grande pequena notável” conta a história da cantora Carmen Miranda, de sua chegada ao Brasil ainda criança, passando pelas rádios, suas primeiras gravações em disco, pelo cinema brasileiro e o Cassino da Urca, ao estrelato nos filmes de Hollywood. Inspirado no livro homônimo infanto-juvenil de Heloisa Seixas e Julia Romeu, o espetáculo conta e canta para toda a família os 46 anos de vida dessa pequena notável, que levou a música e a cultura brasileira para os quatro cantos do mundo.

Serviço

Sessões nos dias 3 (quarta-feira) e 4 (quinta-feira) de abril, às 20h30, no Teatro Positivo.

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