Vítimas de esquema de investimento clandestino têm que fazer registro na Polícia Federal

Desde que a Polícia Federal desmantelou o esquema de investimento clandestino, mantido pelo gerente nacional de crédito imobiliário do Banco HSBC, que trabalhava na agência do Palácio Avenida, muitas vítimas têm aparecido. No entanto, o chefe do Grupo de Combate a Crimes Financeiros da PF, Igor de Paula, disse que as investigações continuam, mas vítimas devem protocolar documento por escrito e aguardar o contato para comparecer na PF.

?As vítimas do golpe devem preparar um documento com seus dados pessoais, informações sobre a pessoa que fez o contato e fechou o negócio, cópia dos recibos e contratos, valores depositados e as garantias da negociação. Tudo deve ser protocolado na Superintendência da PF?, instruiu Igor.

Somente no escritório do advogado Elias Mattar Assad, mais de 20 pessoas procuraram esclarecimento sobre os procedimentos a tomar. Uma delas chegou a entregar R$ 700 mil ao gerente.

Operação

Na terça-feira, a PF prendeu cinco pessoas da mesma família, acusadas de operar instituição financeira clandestina, que prometia rendimentos de até 7% ao mês. Igor garante que o número de vítimas pode passar de 300. Parte dos presos são membros da Congregação Cristã do Brasil, o que segundo a PF, dava credibilidade aos investidores. ?Tanto a instituição religiosa, quanto a instituição financeira não têm participação nos golpes, de certa forma são vítimas também?, disse.

Armas

Verdadeiro arsenal foi apreendido nas investigações. Parte dos revólveres, pistolas, dois silenciadores, lunetas, rifles e farta munição, encontradas em três casas, possuem documentação e pertencem a um dos presos, que segundo a polícia, tem registro no Exército como caçador. ?Algumas fogem às normas do Estatuto do Desarmamento?, explicou Igor.

Família fica ?sem chão?

Giselle Ulbrich

O desespero marca a vida do casal Dante e Janete Bytner, vítimas do golpe. Dante e Janete investiram R$ 50 mil, adquiridos em 10 anos de árduo trabalho. Ela desempregada e ele autônomo, com renda baixa e variável, viviam dos bons rendimentos que a suposta aplicação lhes dava.

O dinheiro pagava o financiamento da casa, os gastos da família e o estudo dos filhos. ?No mês que vem não sabemos o que fazer?, desesperou-se Dante.

Os dois investiram dinheiro com o gerente, a quem conhecem apenas por Jessé, acreditando que adquiriam um produto do HSBC. ?Jessé nos recebeu na sala dele, no Palácio Avenida. Nos explicou que a aplicação, com rendimento de 3% ao mês, era uma regalia que ele tinha por ser gerente. Se abríssemos uma conta, não teríamos a mesma regalia?, explicou Janete.

Logomarca

Dessa forma o gerente teria convencido o casal a transferir o dinheiro para a conta dele. ?No final de cada mês, o sobrinho dele, que também trabalha no banco, nos telefonava para saber de quanto precisávamos. O gerente vinha todos os meses nos entregar o dinheiro pessoalmente, usando o carro do banco?, relatou Janete. O gerente mandava um extrato dos rendimentos via e-mail, com a logomarca do banco.

Voltar ao topo