Vítimas de assaltos se unem em São José dos Pinhais

Comerciantes, empresários e moradores de São José dos Pinhais estão apavorados com a onda de criminalidade que assola o município. Para alertar a opinião pública e pressionar o governo do Estado a promover mais segurança, 25 empresários vão fundar hoje a Associação das Vítimas de Assaltos de São José dos Pinhais. De acordo com a empresária Araci Müller, 50 anos, uma das coordenadoras do movimento, o principal objetivo é fazer com que a Secretaria de Segurança Pública dê condições de trabalho à polícia local.

“A delegacia está em situação precária: os policiais têm que pedir comida nos supermercados para alimentar os presos e muitas vezes não têm nem mesmo gasolina para colocar nas viaturas. Desse jeito fica difícil investigar, prender criminosos e garantir a segurança da população, é uma vergonha”, relata Araci, que já foi assaltada “umas dez vezes”.

Ela diz que entre os empresários que já estão participando da Associação os relatos são parecidos. “Todo mundo já passou por diversas situações de assalto, inclusive com risco de vida. Um deles foi assaltado 13 vezes. Arrombamentos, furtos, estupros e tráfico de drogas, na rua e à luz do dia, são rotineiros”, conta a empresária.

Caos

Para Araci, a situação vem piorando nos últimos três anos, devido ao crescimento desordenado da cidade. “Muita gente vem para cá achando que São José é o Eldorado dos empregos, e não é nada disso, a cidade está um caos”, comenta. “Há quatro anos, minha filha saía da casa de colegas à noite e voltava sozinha para casa. Hoje, nem pensar, nem de dia ela sai desacompanhada. Ontem mesmo uma funcionária da minha empresa sofreu tentativa de estupro às oito da manhã, no centro da cidade”, desabafa.

Segundo ela, São José abriga atualmente todo tipo de crime – desde quadrilhas organizadas e bem-equipadas até assaltantes “autônomos”, passando por menores infratores, traficantes e estupradores. Araci relatou também um assalto recente em que o bando usava armamentos pesados e carros importados. A empresária soube que, ao ser detido, um dos assaltantes desta quadrilha ofereceu grande quantia de dinheiro ao investigador que efetuou a prisão.

“Só mesmo tendo muito amor à camisa para ser policial nessa cidade, do jeito que estão as coisas, tem que ser herói e ter garra. Esse bandidão foi preso, mas logo acaba saindo da cadeia, com um bom advogado. A lei atualmente protege mais os bandidos do que nós, pequenos empresários que trabalhamos e pagamos impostos”, diz.

A abertura da associação será marcada por uma entrevista coletiva à imprensa, hoje, às 9h, na sede da Associação Comercial de São José dos Pinhais. A entidade e o Rotary Club da cidade apóiam a iniciativa. De acordo com Araci, ela e os demais organizadores da associação têm recebido telefonemas de dezenas de pessoas interessadas em participar do movimento.

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