Relações mortais

Violência aumenta pelo terceiro mês seguido

Pelo terceiro mês consecutivo, aumentou o número de assassinatos em Curitiba e região. Em novembro, 158 pessoas foram mortas, 7,5% a mais que outubro. Um dos fatores que contribuíram para esse índice foi o aumento da criminalidade em Almirante Tamandaré, que dobrou com relação à média do ano, e no Cajuru, onde gangues se digladiaram e tornaram o bairro o mais violento.

Novembro ainda se caracterizou pela chegada do forte calor, que também “colabora” com o crescimento da violência, e com a quantidade acima do normal de crimes envolvendo familiares. Mesmo assim, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve redução de mortes em quase 5,5%.

Família

Pelo menos quatro crimes ocorridos em novembro chamaram atenção pela relação de afetividade entre vítimas e autores. Em São José dos Pinhais, no dia 12, a enfermeira Maria Cícera de Faria, 65 anos, foi morta com várias facadas pelo próprio filho, Emílio Eduardo da Rocha Devesa, 32, que foi preso dias depois.

No dia 27, um adolescente de 16 anos matou o avô, João Lisevski, 62, a golpes de foice. O garoto, acompanhado de dois comparsas, ainda levou o dinheiro da vítima.

Em Cerro Azul, a confusão aconteceu no dia 28 e envolveu duas famílias. Anderson Machado viu seu pai, José Machado, 58, ser morto pelo sogro com um tiro no peito.

Enfurecido, o rapaz tirou a vida de Alfredo Gonçalves, também de 58 anos, com golpes de facão. O outro caso foi registrado em Fazenda Rio Grande, no início do mês. Regina do Rocio Kriszewski, 25, foi estuprada e morta com pauladas na cabeça. Segundo a polícia, quatro rapazes participaram do crime, entre eles o namorado da vítima.

Cajuru

Curitiba foi palco de 78 assassinatos em novembro, maior índice desde abril. O Cajuru liderou a violência com 11 mortes, a maioria delas relacionada a rivalidade entre gangues.

A Cidade Industrial, que costuma liderar o ranking da violência, teve redução considerável no número de mortes. Foram sete vítimas, metade do registrado em outubro.

Desde o início do ano, 795 foram assassinadas em Curitiba, média de 72 por mês. Na região metropolitana, foram 80 crimes fatais. Almirante Tamandaré foi o destaque negativo, com 15 vítimas, média de uma a cada dois dias.

O número de assassinatos foi apurado a partir de acompanhamento diário dos crimes – na maior parte das vezes com reportagem no local – e levantamento feito nas delegacias responsáveis pela instauração dos inquéritos policiais.

O relatório divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) também foi utilizado como base de informação, porém, a pesquisa descartou as vítimas de acidentes de trânsito, e apurou e eliminou os suicídios e as mortes não delituosas.

Também foram retirados os casos em que não haviam sido apuradas as causas da morte, exceto os que apresentavam indícios de violência. Foram computados todos homicídios, latrocínios, confrontos com a polícia e as lesões corporais seguidas de morte.