Vigilantes suspeitos de crime conseguem habeas corpus

Os vigilantes da empresa de segurança Centronic, acusados de participar do assassinato do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, em outubro do ano passado, devem sair da cadeia hoje. Douglas Rodrigues Sampaio, Eliandro Luiz Marconcini e Marlon Balem Janke tiveram habeas corpus, concedido ontem, pelo juiz substituto em 2.º grau, Luiz Osório Moraes Panza, da 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. A notícia pegou de surpresa a família do jovem morto, que está com medo de ameaças e represálias.

O habeas corpus foi solicitado pelo advogado Cláudio Dalledone, para Douglas. Ao concedê-lo, o juiz o estendeu aos outros acusados. A decisão beneficia os vigilantes Leônidas Leonel de Souza e Ricardo Cordeiro Reysel, que permanecem foragidos.

De acordo com Dalledone, o juiz concedeu a liberdade devido à falta de fundamentação da juíza de Almirante Tamandaré, na decretação das prisões. ?Ela foi muito genérica, explicando que decretou a prisão, porque a ordem pública estava abalada?, alegou o advogado. Os três suspeitos estão recolhidos no Centro de Triagem II, em Piraquara.

Medo

?Isso é revoltante. Como podem colocar na rua esses assassinos??, manifestou-se o jornalista Vinícius Coelho, pai de Bruno, cerca de meia hora depois que recebeu a notícia. A família se reuniria na noite de ontem, para decidir que precauções tomariam, temendo represálias dos acusados soltos. ?Não acreditava que esse habeas corpus fosse concedido aqui no Paraná?, assustou-se o advogado do jornalista, Juarez Bortoli. Amanhã ele deverá analisar, junto ao seu cliente, que atitude poderá tomar, até se pedirá alguma proteção à família do estudante.

Processo

A ação penal corre na comarca de Almirante Tamandaré. A audiência do pai de Bruno foi transferida para 13 de maio e as das testemunhas de acusação devem ser concluídas nos próximos dias.

Amordaçado e executado

Bruno, na época com 18 anos, foi encontrado amordaçado e morto, com um tiro na cabeça, em 9 de outubro do ano passado, num matagal de Tranqueira, em Almirante Tamandaré. De acordo com levantamentos policiais, ele teria sido flagrado por vigilantes da Centronic, pichando o muro de uma clínica médica no Alto da XV. Com o apoio de um veículo da empresa, o estudante foi levado até a sede da Centronic no mesmo bairro. Lá, os vigilantes Marlon Balem Janke e Eliandro Luiz Marconcini o teriam torturado. Ricardo Cordeiro Reysel, Leonidas Leonel de Souza e Emerson Carlos Roika, também vigilantes, teriam assistido a tudo passivamente.