A guerra pelo tráfico de drogas tirou a vida de mais uma pessoa na noite de terça-feira. Gleisson Rodrigo Pereira de Almeida, 21 anos, marcou encontro com seu comparsa, Luiz Aurélio Branco, o "Lelo", e foi executado por ele com quatro tiros. De acordo com a polícia os dois eram traficantes da região e agiam juntos. O assassinato aconteceu às 22h, na Estrada da Ribeira (BR-476), próximo ao trevo do Atuba.
Policiais da Delegacia de Homicídios apuraram que Gleisson pegou seu Gol, recém-comprado, e saiu com a mulher, a filha e o enteado, para um passeio. No caminho, recebeu um telefonema de seu comparsa "Lelo", avisando que os dois precisavam conversar. Acreditando que a conversa seria rápida, Gleisson foi até o local indicado, levando a família. Ao chegar estacionou o Gol, pediu para que a mulher o aguardasse no carro, e foi ao encontro de cúmplice, que estava acompanhado de outro homem, usando capacete, ao lado de uma motocicleta Titan. Antes de desembarcar, a mulher perguntou se "Lelo" estava bêbado, mas não obteve resposta do companheiro.
Ao se aproximar, Gleisson recebeu o primeiro disparo, que o acertou no pescoço. O rapaz correu para o carro e foi perseguido pelo assassino, que efetuou mais três tiros, acertando dois nas costas e um na barriga da vítima. Agonizando, Gleisson entregou seu telefone celular para a mulher e pediu que ela ligasse para a polícia. Ouvindo a conversa, "Lelo" ironizou dizendo que ele mesmo faria o telefonema, porque queria ver se a polícia iria pegá-lo.
Investigações
O delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura, titular da Delegacia de Homicídios, informou que apesar de a autoria ser conhecida a DH irá dar prosseguimento às investigações. "Os dois eram traficantes e comercializam crack na região", comentou o policial, que investiga quem seria o outro homem que acompanhava "Lelo".
Denunciada conivência policial
Após a morte de Gleisson de Almeida, 21 anos, moradores do Bairro Alto, que preferem não ser identificados, entraram em contato com a Tribuna para denunciar que não agüentam mais a influência de traficantes no bairro e falta de efetiva ação da polícia.
Eles comentaram que outro traficante que age na região, identificado como Marcos Evaldo Cunha, conhecido como "Raposão", foi preso por policiais civis, na entrada do Bairro Alto, na tarde de segunda-feira. Os denunciantes informaram que o acusado estava armado, portando grande quantidade de droga, e foi levado para uma delegacia. "Os traficantes que trabalham para ele ficaram alvoroçados. Quando estão assim é porque precisam levantar dinheiro rápido", avisou um morador.
Apesar da prisão em flagrante, na tarde de terça-feira, "Raposão" já estava de volta às ruas, comandando o tráfico. Ele é acusado de cometer diversos crimes e tem prisão decretada por homicídio.
No início do ano, policiais do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), prenderam o traficante Marcos Pirrotti, o "Marcão", que comandava parte do Bairro Alto. Na época, um policial militar e dois civis foram presos sob a acusação de receber dinheiro para não denunciar o esquema e prender os integrantes do grupo de "Marcão" e liberando-os em seguida, após a extorsão. "Mesmo depois de tudo isso, continua a mesma coisa", lamentou uma moradora.