Suspeito de assassinato se entrega a polícia

O acusado de matar o suposto amante de sua mulher foi preso ontem pela Delegacia de Homicídios. O conferente Juraci Correia de Souza, 28 anos, procurado pelo assassinato do auxiliar de produção João Henrique dos Santos, 25 anos, encontrado sábado de manhã no Viaduto dos Padres, em Morretes, estava escondido no Jardim da Ordem, Tatuquara, e entregou-se sem oferecer resistência.

Juraci era considerado o principal suspeito do crime desde o desaparecimento de João Henrique, às 22h30 de quarta-feira. Na ocasião, o auxiliar foi colocado dentro de um carro ao sair da Companhia de Fósforos Fiat Lux, no centro de Curitiba, onde trabalhava. Um colega dele, chamado Sérgio, ouviu dos desconhecidos que a intenção era apenas dar um susto em João para que não mexesse mais com mulher casada.

As evidências contra Juraci aumentaram após o depoimento do tio dele, João Correia, ouvido domingo pelo delegado Sebastião dos Santos Neto. João confessou que era o dono do Gol verde que levou a vítima, Juraci e um amigo deste, Israel da Silva, 21 anos, até o Viaduto dos Padres, mediante ameaça do sobrinho. Lá João Henrique foi morto e seu corpo arremessado do alto do despenhadeiro.

Detalhes

O principal acusado recusou-se a falar à imprensa e pouco esclareceu sobre crime à polícia. Mas Israel, também levado ontem à Delegacia de Homicídios, contou os detalhes. Juraci teria planejado o assassinato sem revelar tal intenção ao amigo e ao tio. Na noite do crime, João Correia estacionou o Gol na saída da Fiat Lux e os três aguardaram a saída de João Henrique da empresa. “Juraci queria conversar com o rapaz, mas só falou que o assunto era particular”, contou Israel.

O auxiliar saiu às 22h30, acompanhado do amigo Sérgio, também funcionário da empresa e vizinho dele no bairro Capinzal, em Itaperuçu. Juraci abordou João Henrique e falou que ambos precisavam conversar sobre Elisângela, esposa do primeiro e colega de trabalho do segundo. Enquanto isso, Israel afastou Sérgio e o tranqüilizou, dizendo que a idéia era apenas assustar João Henrique. “Jamais iria imaginar que isso terminaria em morte”.

Com o tio do acusado ao volante e a futura vítima no banco de trás, o grupo seguiu em direção à casa de Juraci, no Jardim Ipê, em São José dos Pinhais. No instante de fazer o retorno pelo viaduto da Avenida Rui Barbosa, na BR-277, Juraci teria ordenado ao tio que seguisse adiante, em direção ao litoral. “O João Correia estranhou e perguntou se ele não queria mais esperar a Elisângela em casa para colocar a história a limpo. Juraci sacou a arma e mandou ele calar a boca”, contou Israel.

No Viaduto dos Padres, o carro parou e desceram Juraci e João Henrique. Israel ficou no carro e escutou a conversa entre os dois:

– Pode começar a dizer a verdade. Você transou com minha mulher?, perguntou Juraci.

– Não, jamais faria isso!, retrucou João Henrique.

– Transou sim, que eu sei.

– Não! Não costumo jurar, mas se for preciso, em juro!

Seguiu-se um estampido: segundo relato da testemunha, Juraci atirou na cabeça do rival e o jogou do alto do viaduto. Na volta, silêncio dentro do Gol. “Juraci só ameaçou a gente se contássemos a história à polícia”, contou Israel.

Qualificado

Segundo o delegado Sebastião, ainda não há provas do relacionamento amoroso entre vítima e esposa do acusado. “Sabemos que havia amizade entre os dois. O marido seguia a esposa e, pela desconfiança, achou que deveria tirar satisfações”, afirmou. O acusado não falou sobre o destino da arma utilizada.

João Correia e Israel foram liberados após o depoimento. “A participação deles será investigada. Em princípio, acredito que não sabiam da intenção de Juraci”, disse o policial. O acusado permanece detido e responderá por homicídio qualificado (por motivo fútil), seqüestro e ocultação de cadáver.

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