Crime premeditado

Subordinadas planejaram assassinato de Louise

Depois de treze dias de investigação, duas atendentes da loja de iogurtes onde Louise Sayuri Maeda, 22 anos, trabalhava como supervisora, foram presas na madrugada de sábado. Elas são suspeitas de planejar a morte da garota. Elvis de Souza, 20, que teria participado do crime, está foragido.

Fabiana Perpétua de Oliveira, 20, e Márcia do Nascimento, 21, prestaram vários depoimentos desde que Louise desapareceu, em 31 de maio. Através de provas técnicas, a equipe da Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC) descobriu que elas mentiram. As duas estão presas no Centro de Triagem I.

Câmeras

Fabiana foi vista nas imagens do circuito interno de segurança do Shopping Mueller, deixando o local acompanhada da vítima, no dia 31. No primeiro depoimento, ela informou que se despediu de Louise na Rua Barão de Antonina caminhou até o ponto do ônibus, que a levaria para casa.

“Descobrimos que, naquele dia, ela usou o cartão-transporte só para ir para o trabalho, e não para voltar. Além disso, a garota não aparece em imagens registradas pela câmera de uma empresa próxima ao shopping, seguindo em direção ao ponto”, explica o delegado Marcelo Lemos de Oliveira, titular da DVC.

No dia seguinte em que o desaparecimento de Louise foi divulgado pela imprensa, Fabiana teve um surto na saída do trabalho. A polícia começou a desconfiar do comportamento da garota, e a convocou para prestar mais informações.

“Desta vez, ela relatou que fez uso de cocaína e tomou remédios, e por isso teve a crise nervosa. Ela deu outra versão, dizendo que atravessou a Barão de Antonina com a vítima, mas novamente mentiu, porque elas não aparecem nas imagens das empresas que ficam no local”, relata o delegado.

Telefonema

Os policiais também passaram a desconfiar de Márcia. A mãe de Louise garantiu à polícia que falou com a filha às 21h20, de 31 de maio, e a jovem comentou que sairia com as amigas e que Márcia a levaria para casa. Em um dos depoimentos, Fabiana também comentou que sairia com as colegas. Márcia negou qualquer encontro com as amigas.

Depois de corpo ser encontrado, versões mudam

Divulgação/Gerson Klaina
Bolsa da vítima foi escondida por Elvis, segundo delegado Marcelo.

Após o achado do corpo de Louise em um areal no Campo de Santana, na tarde de sexta-feira, Fabiana e Márcia mudaram as versões e incluíram Elvis de Souza, 20, que, de acordo com o delegado, era namorado de Márcia.

Fabiana relatou que recebeu uma ligação de Márcia, e a atendente disse que o encontro com Louise deveria ser marcado, já que ela “precisava dar uma bronca” na supervisora. Fabiana saiu do trabalho com Louise e entrou em um Gol prata, de duas portas, onde estavam Elvis e Márcia.

O veículo seguiu para o Campo de Santana, onde Fabiana mora. Ela informou que Márcia simulou sentir-se mal para que Elvis parasse o carro, e o casal desceu do veículo com Louise. Fabiana ouviu tiros. Quando voltou com Elvis, Márcia teria dito que a jovem ficou no mato, e foram embora.

Bar

Já Márcia, em depoimento, confirmou que saiu com Elvis e as colegas, mas relatou que todos foram a um bar na Praça Rui Barbosa, de onde Elvis foi embora com Fabiana e Louise. A polícia investiga o bar, para saber se Márcia tem realmente este álibi.

“Temos certeza que Márcia engendrou o crime, mas o motivo do assassinato ainda não foi delineado e não sabemos exatamente onde Louise foi morta e quem atirou contra ela. As investigações já estão bastante avan&cce,dil;adas, e continuarão até revelarmos tudo”, afirma Marcelo Lemos.

O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, explicou que nada relaciona as detidas e a vítima com a quadrilha que traficava drogas em lojas de shoppings, presa recentemente pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

Indícios

No armário de Márcia dentro da empresa, os policiais recolheram R$ 2.400,00. “A quantia é incompatível com o salário dela, por isso desconfiamos que a motivação do crime tenha relação com algum desvio de dinheiro do caixa. Márcia não soube explicar a origem da quantia”, diz o delegado.

De acordo com ele, a gerente da empresa confirmou que, em janeiro, houve um “furo” no caixa, mas o funcionário que foi responsabilizado pelo desvio foi demitido, e Louise foi contratada no lugar desta pessoa.

Antes de ser presa, Fabiana comentou com amigos que a morte de Louise foi motivada por “picuinhas” no trabalho, e que Márcia pagou para Elvis cometer o crime. Ela teria apenas ajudado a colocar a vítima no carro.

Buscas

Investigadores foram até um endereço onde seria a residência de Elvis, mas descobriram que ele nunca morou lá. Também no final de semana eles foram até a residência do pai de Elvis, onde encontraram uma sacola escondida, que guardava a bolsa com todos os pertences de Louise.

A mãe da vítima reconheceu os objetos formalmente na manhã de ontem. “Esta apreensão reforça a ligação de Elvis ao crime. Também apreendemos o Gol prata dele, que será periciado, e é semelhante à descrição dada por Fabiana”, conta o delegado Marcelo Lemos.

Perícia

O perito Edimar Cúnico, do Instituto de Criminalística, que esteve no local onde foi encontrado o corpo de Louise, acredita que o corpo foi levado pelo Rio Iguaçu. “As águas baixaram e o corpo ficou”. A polícia ainda investiga onde Louise foi jogada no rio.

Exames no Instituto Médico-Legal, indicaram que não houve abuso sexual. Dois projéteis foram retirados do crânio da vítima e encaminhados ao Instituto de Criminalística. De acordo com a direção do IML, o corpo de Louise estará à disposição da família, para o sepultamento, a partir das 10h de hoje.