Skandar oficialmente demitido

Demorou, mas Samir Skandar foi finalmente expulso da Polícia Civil. O então investigador da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos foi um dos principais nomes apontados, durante a passagem da CPI Nacional do Narcotráfico pelo Paraná, em 2000, como envolvido em uma das maiores quadrilhas de furto, roubo, receptação e desmanche de carros no Estado. Ficou foragido por anos até ser preso em agosto de 2005, na Operação Tentáculos II. Agora, ele sai da carceragem da DFRV e se junta aos presos comuns, no Centro de Triagem de Piraquara.

"Esse é o resultado de uma política de governo que não tolera policiais corruptos nos quadros do Estado", comentou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

A demissão do policial foi embasada em apurações feitas durante o processo administrativo disciplinar, do Conselho da Polícia Civil.

O ex-policial é acusado de se aliar a Paulo Roberto Alexandre Prosdócimo, Hércules Lemos da Silva e Luciano Carlos de Arruda para praticar diversos crimes.

Segundo o documento, Skandar era o principal organizador da quadrilha que atuava em esquema de furto e roubo de carros. Ele trabalhou na DFRV e tinha acesso às informações e dados do sistema informatizado de veículos do Estado. Ele obtinha informações sobre investigações de furtos e roubos de veículos para usar em favor da quadrilha. O policial clonava a placa dos carros para burlar eventuais fiscalizações durante o trânsito dos veículos roubados de um local para outro.

Prisão

A prisão de Skandar, no ano passado, contou com a participação de 40 policiais federais e nove policiais militares do COE (Comandos e Operações Especiais) da Polícia Militar do Paraná. Ele estava escondido no fundo falso de um armário, no quarto de sua residência -uma casa de alto padrão situada na Rua João Evangelista Espíndola, no Jardim Social. No local foram apreendidas três armas -duas pistolas pertencentes à Polícia Civil do Paraná e um revólver calibre 38 -, três carteiras de identidades com nomes falsos, certa quantia em dinheiro e telefone celular. Todas as armas estavam carregadas e prontas para uso. Um Audi, um Vectra e uma Blazer, que estavam na garagem da casa, foram apreendidos. De acordo com a polícia, todos os carros possuíam compartimentos falsos, preparados para transporte de drogas.

Acusações não faltam

As investigações sobre Skandar, feitas pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC), apontavam que ele seria um dos grandes comparsas de Paulo Mandelli, um dos maiores receptadores de carros furtados e roubados do Paraná. De acordo com a denúncia do MP, Skandar recebia altos valores em dinheiro para proteger os "negócios" de Mandelli.

O ex-investigador ainda é apontado como um dos responsáveis pelo assassinato do estudante Pablo da Silva Mesquita, em abril de 2002, no Edifício Castelo Branco, no Centro Cívico, em Curitiba. Foi a investigação deste crime, que levou a PIC a desbaratar a quadrilha, especializada principalmente no roubo de caminhonetes.

Skandar já havia escapado de operações realizadas pela Polícia Militar e pelo Gerco, grupo policial ligado à Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Em outubro de 2002, uma força-tarefa da PIC prendeu dez pessoas acusadas de integrar a quadrilha. Desde então, Skandar é procurado.

Em janeiro de 2003, outros componentes do grupo foram mortos durante uma troca de tiros com policiais no posto rodoviário federal, em Barra Velha, Santa Catarina. Foram mortos Hércules Lemos da Silva, Paulo Roberto Alexander Prosdócimo e Josenei Lemos da Silva, irmão de Hércules. Paulo Roberto Prosdócimo Filho foi baleado na ocasião, assim como um policial rodoviário.

Voltar ao topo