Série de execuções na Grande Curitiba desafia a polícia

Dívidas, ameaças e possível envolvimento com o tráfico de drogas interligam e tornam ainda mais misteriosos quatro casos de homicídio ocorridos em Curitiba, São José dos Pinhais e Pinhais, na última semana.

O último crime teve por vítima o costureiro Jefferson Lopes de Lima, 29 anos, ocorrido por volta das 19h40 de sexta-feira, em Pinhais. Ele foi fuzilado na esquina das ruas Renascer e Alto Paraná, no Jardim Pedro Demeterco.

Jefferson era marido de Sabrina Aparecida Gonçalves de Carvalho, 22, encontrada morta a tiros na manhã de domingo da semana passada (7), no bairro Cachoeira, em São José dos Pinhais.

O assassinato de Sabrina, por sua vez, teria relação com um duplo homicídio ocorrido horas antes, em Curitiba, vitimando o taxista Roberto da Luz Monteiro, 38, e o passageiro Zalmen da Silva, 24.

Ambos foram mortos dentro do táxi, na Rua Professor Fernando Moreira, no centro da cidade. Sabrina, apurou a polícia, esteve com o passageiro horas antes do duplo assassinato.

Na noite em que morreram Sabrina, Roberto e Zalmen, é possível que Jefferson também tenha sido baleado, pois quando foi encontrado morto, sexta-feira, tinha no bolso uma carta e uma ficha hospitalar, indicando que havia saído há poucos dias do hospital. A perícia, de fato, constatou uma marca de tiro mais antiga no corpo dele.

Carta

Jefferson também carregava no bolso uma carta, endereçada a ele. Escrita em caneta vermelha, numa folha de caderno, a mensagem continha ameaças, menções ao tráfico de drogas e a cobrança de uma dívida de R$ 4 mil.

Mas antes de divulgar detalhes da carta, o investigador Melo, de Pinhais, preferiu levá-la à delegacia, para ler e analisá-la com calma. Sob orientação da perícia, tomou o cuidado de manuseá-la devagar e conservá-la protegida, pois havia a possibilidade de peritos conseguirem coletar impressões digitais no papel.

Crime

O soldado Andrezer, do 17.º Batalhão da PM, apurou que moradores próximos ouviram sete estampidos naquela noite. No entanto, a perita Clarice Kravetz, do Instituto de Criminalística, contou mais de 10 perfurações no corpo de Jefferson.

Ela concluiu que, depois que o jovem caiu no chão com os tiros que levou nas costas -que já eram suficientes para matá-lo -, o assassino ainda disparou mais alguns contra a cabeça dele.

Os tiros foram tão próximos que os projéteis perfuraram a cabeça e ficaram semi-enterrados no chão. Ao redor do corpo ainda foram encontradas cápsulas calibre 380. Logo após os disparos, apurou o investigador Melo, pessoas viram um homem vestido de branco saindo apressado de bicicleta, das proximidades da esquina.

Identificação

Apesar da carta e da ficha hospitalar no bolso, Jefferson não tinha documentos e não foi reconhecido pelos curiosos que passaram pelo local do crime. Só foi identificado no sábado pela manhã, por familiares, no IML.

Ele morava no Sítio Cercado e a polícia deverá interrogar a família, a fim de saber o que ele fazia em Pinhais e a sua relação com as mortes de Sabrina, Roberto e Zalmen.