Caso Rachel

Reportagem do GPP confere a segurança da rodoferroviária


Transcorrido um ano do assassinato da menina Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, 9 anos, cujo corpo foi abandonado dentro de uma mala, embaixo da escada da ala estadual da Rodoferroviária de Curitiba, o caso permanece sem solução, apesar dos esforços da polícia para capturar o assassino. Não existe uma única pista dele. Nem sequer suas características físicas são conhecidas. No entanto, se hoje o maníaco tentasse repetir sua hedionda façanha, certamente não sairia impune. Ao entrar na rodoviária, sua imagem seria captada com perfeição por uma das 36 câmeras de segurança instaladas no terminal em meados de julho último.

Para testar a eficiência das câmeras, a equipe de reportagem do jornal Tribuna do Paraná e do portal Paraná Online simulou o abandono de uma mala, na noite de 27 de outubro passado (uma terça-feira), no mesmo local em que o corpo de Rachel foi deixado. A mala, comprada numa loja próxima do terminal, foi preenchida com três tijolos e papéis amassados e deixada na rodoviária às 19h12. Vinte minutos depois, fiscais da Urbs a encontraram. Procuraram ao redor pelo dono e não o localizando levaram a mala para a administração da rodoviária. Obedecendo a normas internas, abriram e verificaram que não havia pertences. Consultando o sistema de vídeo, captaram a imagem da jornalista que abandonou a mala e de seus dois colegas que filmavam o teste.

Em menos de uma hora os três foram localizados e conduzidos à sala da administração, onde já estavam mobilizadas a Polícia Federal, os seguranças particulares do terminal e a Polícia Militar. Interpelados, os três foram liberados quando comprovaram que estavam fazendo uma reportagem.

Ajuda

Como se tratava de um teste, foi deixada uma etiqueta na mala, presa por cadeado, com o nome e o telefone da jornalista. Assim que os funcionários da rodoviária fizeram contato telefônico, a equipe foi apanhá-la. Como não havia intenção de crime, o trabalho da segurança foi facilitado com a etiqueta de identificação. Mas o objetivo do teste foi atingido, pois mostrou que haveria condições de identificar a dona da mala a partir do momento em que a imagem - captada com nitidez – fosse entregue à polícia e divulgada pelos veículos de comunicação.

Além da eficiência das câmeras, a reportagem constatou aumento no policiamento interno e externo, feito por PMs e guarda particular, e ainda o impedimento de pessoas de passarem a noite nos vãos das escadas da rodoviária, como acontecia antes da morte de Rachel.

Protesto

Cintia Végas

Integrantes do Fórum Popular de Mulheres e da União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná (UBM-PR) realizaram ontem, na rodoferroviáira, manifestação em memória de Rachel e contra a violência.

“Crianças e mulheres têm sido abusadas em diversos locais. Por isso, é preciso que a sociedade não tenha medo de denunciar”, disse a integrante da UBM-PR, Elza Maria Campos. “Não é possível que ninguém tenha visto nada. Precisamos que as pessoas denunciem”, pedia Maria Carolina Lobo Oliveira, tia de Rachel.

Missa

A família e os amigos da menina participarão da missa de um ano de morte, na Igreja São Cristovão, Vila Guaíra, às 19h de sexta-feira.