Região Metropolitana abriga maioria dos marginais

As cidades da Região Metropolitana de Curitiba tornaram-se, nos últimos anos, um centro de marginalidade. Segundo estatísticas da Polícia Civil, somente no ano passado mais de 35% dos delitos de furto, extravio e roubo de cargas registrados no Paraná ocorreram na Região Metropolitana, e 11% dos furtos e roubos de carro acontecem nesses municípios.

O delegado Agenor Salgado Filho, chefe da Divisão de Polícia Metropolitana, declarou que vem trabalhando para combater esses índices e o crime organizado. “O crime proliferou, contrastando com a riqueza e o progresso de algumas cidades, que eram o cinturão verde de Curitiba, e acabaram se tornando alvo de invasões, gerando favelas, pobreza e aumentando a violência. Hoje temos uma população na RM de aproximadamente 1,4 milhão de habitantes”, salientou o delegado.

Ele comentou que as cidades ao redor da capital tornaram-se áreas carentes, idênticas às cidades vizinhas de outros grandes centros. “São alvos fáceis para traficantes e outros grupos criminosos. Essas cidades passaram a atrair quadrilhas especializadas”, assegura. O delegado informa que hoje as áreas mais problemáticas são atendidas pelas delegacias do Alto Maracanã, Pinhais e São José dos Pinhais.

Bons esconderijos

Bandidos passaram a utilizar barracões localizados na Região Metropolitana para esconder cargas roubadas e também usá-los como desmanches de veículos roubados e furtados. Segundo Salgado, os marginais ainda utilizam chácaras para se reunirem e se homiziarem, além de praticarem atos criminosos. “A população carente acaba se tornando um alvo fácil. Eles temem denunciar os marginais, pois na maioria das favelas impera a lei do silêncio. Alguns, devido ao desemprego e à miséria acabam se associando a esses indivíduos e entrando para o mundo do crime”, avalia. “É nas comunidades carentes que prolifera o uso e o tráfico de drogas”.

Problemas

Para piorar a situação, a Região Metropolitana ainda enfrenta outros problemas como a superlotação nas delegacias. Existem, em média, 600 detentos abrigados nas cadeias dos municípios. Além disso há cerca de 220 policiais civis trabalhando na área, o que corresponde a um policial para cada cinco mil habitantes, e aproximadamente 74 viaturas, sendo uma para cada 15 mil habitantes. “Estamos trabalhando para conter esse déficit”, salientou o delegado.

Núcleo de Inteligência deve agilizar ações da polícia

Para combater a violência, o delegado Agenor Salgado acredita que é necessário centralizar os trabalhos dos policiais. Para isso estão sendo implantados quatro “distritos pólos” e há previsão da criação de um Núcleo de Inteligência e Operação para a Região Metropolitana, semelhante ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), com sede em Curitiba, mas que trabalha em todo o Paraná.

O Centro de Inteligência deverá ser instalado até a metade deste ano, em São José dos Pinhais, devido a localização do município e o fácil acesso às rodovias. “O secretário da segurança, Luiz Fernando Delazari, apóia o projeto. Acreditamos que seja uma das soluções imediatas para suprir os problemas atuais”, salientou.

Inteligência

O delegado informou que a diferença do Centro de Inteligência é que será exclusivo para a RMC e os trabalhos serão realizados em conjunto com a Polícia Militar. “O projeto prioriza a integração formal com a PM, adaptando planos de ação”, comentou o delegado. Ele disse que na realidade será uma força-tarefa, especializada a combater as quadrilhas que se instalaram na Região Metropolitana, especialmente ligadas ao roubo de cargas; furto e roubo de veículos e a crimes contra a ordem econômica e tributária. “Vamos disponibilizar pessoal somente para as investigações, com um quadro maior”, avisa.

Ele avisou que antes mesmo da implantação do Centro de Inteligência, já estão sendo instalados quatro distritos pólos, para auxiliar as delegacias com menor infra-estrutura a elucidar crimes. Eles estão sendo instalados em quatro municípios: São José dos Pinhais, Colombo, Campo Largo e Araucária. “A idéia é que as delegacias de pequenas cidades registrem as ocorrências e trabalhem em conjunto com a comunidade”, disse. “Alguns já foram instalados e começaram a dar resultado”, garante.

Três fogem da abarrotada cadeia do Alto Maracanã

Como que confirmando as dificuldades enfrentadas pela polícia na Região Metropolitana, ao abrigar centenas de presos, uma nova fuga foi registrada na madrugada de ontem, no Alto Maracanã (Colombo). Três, dos 25 detentos que tentaram escapar, conseguiram êxito. Emerson Sandro Anjo Brandão e Márcio Inácio Peixoto, presos por assalto, e Jair Martins de Oliveira, preso por homicídio, ganharam as ruas de Colombo às 3h de ontem, escapando pelo teto da sala que os acomodava provisoriamente.

O xadrez da delegacia do Alto Maracanã tem capacidade para 16 presos, mas 66 se amontoavam no instante da fuga. Para abrigar todos eles, o solário foi coberto com lona plástica e adaptado como carceragem para 25 homens.

Serra

Para fugir, os presos serraram uma barra de ferro do teto do solário. Segundo o superintendente da delegacia, Job de Freitas, o sistema interno de vídeo não abrange o ponto danificado pelos presos. “Os plantonistas só viram quando três deles pularam a cerca elétrica e saíram para a rua. Todos os outros já estavam em cima do solário, prontos para fugir também”, falou o policial.

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