“Quebra-vidros” atacam na Vila das Torres

Os ataques de ladrões "quebra-vidros", que durante os dois primeiros meses do ano passado aterrorizaram motoristas e fizeram dezenas de vítimas nas imediações da Vila das Torres, voltaram a acontecer com freqüência na mesma região e já estão sendo repelidos pela polícia. Em 2005, o alto índice de criminalidade naquela área fez com que a favela fosse tomada – no final de fevereiro – por uma força especial que contou com a presença de aproximadamente 700 policiais civis e militares.

A prática dos "quebra-vidros" ainda não ganhou a mesma intensidade da ocorrida em 2005, mas é necessário precaução. Desde o início de março, por semana, é registrada na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) a média de três a quatro boletins. Há de se considerar que algumas vítimas não informam o delito às autoridades. Os horários preferidos de ataque dos marginais coincidem com os de maior movimento na região: das 6h às 8h, das 12h às 15h e entre às 18h e às 21h.

Violência

Na maioria das vezes as vítimas são mulheres que estão sozinhas em seus veículos e que param o carro em pequenos congestionamentos à espera da abertura do semáforo. Os ladrões circulam livremente entre os veículos parados e agem quando encontram algum objeto que lhes interessa. Armados com pedras, raramente com armas de fogo, eles quebram o vidro do veículo e roubam bolsas e mochilas em busca de dinheiro e telefones celulares. Na última segunda-feira, uma mulher teve a bolsa levada por marginais e arcou com prejuízo de R$ 2.500,00 e mais a "dor de cabeça" de sustar talonário de cheques, cartões de crédito e bancários e fazer novos documentos. O delito foi cometido por dois adolescentes.

Esta é outra característica da ação dos "quebra-vidros". Não há idade para praticar o delito. Adolescentes, jovens, adultos e até crianças se envolvem no mundo do crime para arrecadar mercadorias que são trocadas dentro da própria favela.

As investigações da polícia apontam que os objetos roubados são trocados por drogas, negócio que sempre teve seu espaço na Vila das Torres.

Neste ano, ainda não foram verificadas participações de crianças nos roubos. Entretanto, em anos anteriores, há registro da participação delas, como em 26 de setembro de 2004, quando três crianças com idades aproximadas de 5, 6 e 8 anos – que deveriam estar em creches ou escolas – foram as protagonistas da ação. Elas quebraram o vidro de um Astra e levaram a bolsa de uma industriária de 47 anos.

Bandidos levam vantagem

Apesar do trabalho policial para tentar amenizar o problema dos roubos na região da Vila das Torres, a situação é preocupante. Após a prática do roubo, os assaltantes correm para o interior da favela e desaparecem. Quando, porventura, são localizados e detidos, não estão mais com os objetos roubados, o que os livra do flagrante. Além disso, muitos são adolescentes e permanecem pouco tempo recolhidos.

A principal maneira de evitar o ataque é a prevenção. É desaconselhável transportar nos bancos ou painéis, bolsas, mochilas, carteiras e objetos de valor. Outra atitude é evitar parar o carro. Se o motorista notar que o semáforo está fechado, deve diminuir a velocidade e manter o veículo em movimento até o trânsito recomeçar a fluir.

Polícia busca receptadores

A polícia está atenta a essa nova onda de ataques de ladrões "quebra-vidros".

O delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), informou que estão sendo realizadas constantes incursões no interior da Vila das Torres para tentar prender receptadores de material roubado e os responsáveis pelos assaltos. Na sexta-feira passada, durante uma dessas operações, quatro indivíduos foram detidos e encaminhados à DFR para prestar esclarecimentos.

Um deles permaneceu preso, porque estava com um mandado de prisão em vigor e foi conduzido ao Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cot). A Polícia Militar tem um módulo na Avenida Guabirotuba, via principal que corta a favela. Na esquina dessa rua com a Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres), também há um posto de observação da PM, onde permanece uma viatura. Mesmo com essas ações preventivas, os marginais parecem não se intimidar.

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