Revolta

Promessa de escolta pra agentes fica só no ‘papo’

O enterro do agente penitenciário Wilmar Antônio Prestes da Silva, ontem, foi carregado de emoção, tristeza e ainda mais revolta. Os colegas de trabalho de Wilmar desistiram de fazer nova manifestação em respeito à dor dos familiares, mas não esconderam a decepção por não terem recebido a escolta da Polícia Militar como fora prometida pela Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju).

O descumprimento da medida de segurança já levanta suspeitas da classe quanto às melhorias que deveriam ser feita e que foram pedidas em reunião entre a Seju e o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen). “Foi algo prometido e não cumprido e a quebra da promessa preocupa sim”, admite o presidente do Sindarspen, José Roberto Neves.

Os agentes continuam temerosos quanto a suas vidas e de seus familiares. Ainda que a escolta passe a ser feita, os agentes querem mudanças gerais no sistema para que não precisem trabalhar sob tanta pressão e temor e que assassinatos não voltem a se repetir.  “Não tivemos escolta coisa nenhuma, a gente já sabia que isso ia acontecer, foi falado só para amenizar. Vai tirar a Polícia Militar da rua para acompanhar a gente? Duvido. Estão é jogando areia para enganar”, reclama um dos agentes. Além da escolta de casa até o trabalho, também foi anunciada a facilitação para retirada de porte legal de arma pelos agentes penitenciários. As novidades foram confirmadas depois da reunião entre a Seju e o Sindarspen, na tarde de terça-feira.

Cope investiga mortes

A vítima mais recente dos ataques contra agentes penitenciários foi Wilmar Antônio Prestes da Silva, 47 anos, morto no Boa Vista, segunda-feira. Segundo a polícia, três suspeitos chegaram ao endereço num Space Fox, roubado dia 11 de fevereiro, no Boa Vista, e encontrado incendiado na Rua Rio Cubatão, Jardim Weissópolis, em Pinhais, depois do homicídio. Wilmar e o filho foram a uma autopeças em Colombo, semana passada, onde encontraram um ex-detento da PEP-II, que teria feito ameaças de morte ao agente, que trabalhava na PEP há 24 anos.

Um dos carros usados pelos assassinos do outro agente, Valdeci Gonçalves da Silva, 35, no Jardim Gabineto, semana passada, um Toyota Corolla, também foi encontrado incendiado no Tatuquara. Segundo a polícia, o Toyota foi roubado no Jardim das Américas, por homens que usavam um Fox, possivelmente o mesmo usado pelos matadores de Wilmar.

Apesar das coincidências, Vasques negou relação entre os casos. “Nosso serviço de inteligência ainda não apurou qualquer ligação entre as duas mortes”. As duas mortes estão sendo investigadas agora pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

Além dos mortos, a agente penitenciária Neusa Bednarzuc, de 43 anos, foi atingida por um tiro, no dia 11 de março, no Xaxim e no dia 25 de fevereiro, no Pilarzinho. Jair Dias, que também é agente, foi atingido por um tiro, dentro da casa dele.