Prisão de diretora do IAP gera revolta

A prisão da ex-diretora do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Ponta Grossa, Elma Romano, acusada de envolvimento em um esquema de autorizações irregulares para desmate na região dos Campos Gerais, está provocando a indignação de várias entidades ambientalistas do Estado. A situação chegou a desencadear a união de pelo menos 15 organizações não governamentais (ONGs), que criaram um comitê de combate à corrupção nos órgãos ambientais. O primeiro encontro aconteceu na noite da última quarta-feira, em Curitiba, e a primeira ação será lutar pela liberdade da servidora, que, segundo os ambientalistas, sofreu uma prisão injusta, uma vez que ela mesma teria denunciado o esquema à diretoria do IAP.

No dia 23 de outubro, mais de 20 pessoas foram detidas na Operação Floresta Negra,do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Nesse dia Elma ficou hospitalizada, mas hoje está presa no 1.º Distrito Policial. Ontem, a liminar resultante do pedido de habeas corpus de Elma foi apreciada e indeferida. Daqui a 15 dias, o hábeas corpus será julgado, segundo o advogado da servidora, Dálio Zippin.

O advogado e ambientalista Vitório Sorotiuk, que está encabeçando o movimento, afirmou que todas as ongs estão do lado de Elma em razão da honestidade provada ao longo de tantos anos trabalhando em órgãos ambientais. ?Ela foi designada para Ponta Grossa em função da sua postura rígida, de sua boa conduta. Com relação às prisões, ela passou dois anos denunciando o problema, pois a corrupção nos órgãos ambientais vem de longa data?, afirmou o advogado.

Para Zippin, a prisão de Elma é arbitrária. ?Fazia dois anos que ela estava denunciando o esquema ao IAP e ao governador, foi instaurado um inquérito, e tudo isso termina com a prisão dela, não dá para entender. Se ela fosse culpada, não denunciaria. Só se fosse louca?, indignou-se.

O grupo de ambientalistas vai continuar suas ações na próxima segunda-feira, quando pretendem conversar com o presidente do IAP, Vitor Burko. Dois dias depois, eles se reúnem novamente para discutir os rumos das ações. A assessoria do IAP informou que não foi possível entrar em contato com Burko ontem porque ele estaria viajando. Porém, no dia da Operação Floresta Negra, Burko afirmou que foi o próprio órgão que denunciou o esquema, constatado há cerca de oito meses. Segundo a assessoria do IAP, o órgão descobriu o problema por meio de denúncias, mas não as reveladas por Elma.

Depois da operação, o IAP registrou um aumento de 54% no número de denúncias relativas a crimes contra a fauna e a flora. O telefone para denúncias é o 0800-643-0304, ou pelos e-mails ouvidoria@iap.pr.gov.br ou bpambfv@pm.pr.gov.br. 

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