A segunda fase da operação Anjo da Guarda da Polícia Federal resultou, ontem, na prisão preventiva de cinco pessoas suspeitas de divulgar fotos e vídeos pela internet contendo pornografia infantil. Um dos mandados de prisão foi cumprido em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, onde foi detido o suspeito J.G.R.F., de 41 anos, que será investigado pela polícia por crime de pedofilia. As outras prisões foram efetuadas em São Paulo (três) e Maranhão (uma).
A PF chegou ao suspeito depois da apreensão de um computador durante a primeira fase da operação Anjo da Guarda, em junho. A máquina continha cerca de nove mil arquivos de imagens e 400 vídeos pornográficos, principalmente com crianças e adolescentes. "Esse computador foi apreendido em São José dos Pinhais, na casa do irmão do suspeito", explicou a chefe da Comunicação Social da PF em Curitiba, Priscila Fanini. Não há indícios de que o dono da casa participasse do esquema, já que, segundo a polícia, ele teria comprado o computador do irmão sem saber do conteúdo.
A partir da análise da CPU apreendida há quase três meses, a polícia chegou ao nome de J.G.R.F. "Decretamos a prisão preventiva dele e o localizamos na casa da mãe, também em São José dos Pinhais. Na residência foram recolhidos mais CDs e disquetes, que devem ser avaliados a partir de agora em busca de mais provas", disse Priscila. O suspeito está sendo interrogado pela polícia, que pretende descobrir como ele conseguia as imagens. Segundo a chefe da Comunicação Social, as investigações ainda tentarão identificar se existem mais pessoas em Curitiba e Região Metropolitana envolvidas em divulgação de material contendo pornografia infantil pela internet. O crime de pedofilia, previsto no artigo 241 da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – pode resultar em pena de dois a seis anos de prisão e multa.
Operação
A operação Anjo da Guarda foi deflagrada em 7 de junho deste ano com o objetivo de recolher material de informática contendo pornografia infantil. Na ocasião, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em oito estados brasileiros. Um deles resultou nas investigações que levaram à prisão de J.G.R.F.
A Anjo da Guarda teve início depois de denúncias do governo espanhol alertando governos sobre comunidades envolvendo pessoas do mundo todo em divulgação de material pornográfico pela internet através do programa de comunicação on-line MSN. A Microsoft rastreou e-mails e chegou à fonte das mensagens, momento em que a Polícia Federal entrou em cena para investigar quem eram as pessoas envolvidas com o crime no Brasil, o que resultou na prisão em Volta Redonda (RJ) do professor de artes marciais Anderson Luís Juliano Borges Costa, de 33 anos – suspeito de ter abusado sexualmente de pelo menos 20 crianças e de produzir, divulgar e trocar fotos e vídeos pornográficos com menores de idade.
Nessa segunda fase da operação foram presos ainda três suspeitos em São Paulo e um no Maranhão. Um dos presos na capital paulista é o advogado F.S.V., identificado na primeira fase da Anjo da Guarda como responsável por passar fotos e filmes das crianças através da internet. Em São Luís, o estudante preso A.J.P.M disse que apenas repassou o material de pedofilia pela rede. A polícia deve, agora, mapear a participação dos envolvidos e identificar quem produz as fotos e filmes.