Policiais Militares ferem com bala de borracha

Excessos cometidos por quem passava a virada do ano no litoral, como a ingestão de bebidas alcoólicas, confusões e abusos ao volante, acabaram levando policiais militares que faziam a segurança na região a também extrapolar em suas atitudes. Marcelo Luiz de Souza, 27 anos, conta que passava a noite de réveillon em Caiobá, quando por volta das 2h30 da manhã, resolveu voltar para casa junto a outros quatro amigos, devido a chuva que atrapalhava as comemorações. Segundo ele, no retorno para casa, um rapaz bêbado começou a provocar a ele e seus amigos. Não querendo arranjar confusão, pois em cinco poderiam tranqüilamente dominar o rapaz embriagado, o grupo resolveu chamar a polícia. Aproveitando que uma viatura da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), passava pela Avenida Atlântica, local do fato, Marcelo fez sinal aos policiais. Enquanto contava o que estava acontecendo, ouviu uns gritos atrás dele e voltou seu olhar para a confusão. Quando virou para olhar novamente a viatura, ele diz que um dos policiais tinha uma espingarda calibre 12 na mão, apontada para sua barriga. Usando balas de borracha, o policial atirou contra ele.

Mesmo com as mãos para cima e pedindo calma, os tiros continuaram. A vítima diz que, assustada, sem saber por que estava levando tiros, já que estava pedindo ajuda aos policiais, correu em direção à praia. De lá, ele foi levado ao pronto-socorro, onde os médicos se assustaram com a violência da agressão. Segundo a contagem que Marcelo fez, ele possui 279 ferimentos, provocados pelas balas, em todo o corpo. Após ser medicado, preencheu boletim de ocorrência da delegacia de Matinhos, além de registrar o fato junto ao 9.º Batalhão da Polícia Militar, no mesmo município e realizar exame de lesão corporal no Instituto Médico Legal, em Curitiba.

Marcelo revelou na delegacia, que outra pessoa, pertencente à própria Polícia Militar, também foi ferida com balas de borracha disparadas por policiais da Rone quando estava à paisana. O rapaz confirmou ter sofrido a agressão, mas não estava autorizado a falar sobre o caso.

Comando promete investigar o caso

O subcomandante da Operação Verão, major Ronaldo Maciel de Oliveira, que recebe o apoio das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) de Curitiba, afirmou que a virada de ano foi permeada por abusos cometidos pelos civis nas ruas, principalmente no calçadão à beira-mar. Muitas pessoas embriagadas envolveram-se em rixas e muita gente também enfrentou os policiais, a maioria por consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Isso teria feito os PMs tomarem atitudes mais enérgicas, e em algumas situações, até mesmo de defesa.

"Realmente houve esse fato, de civis serem atingidos por munições não letais. Não posso afirmar com certeza, mas é provável que o Marcelo tenha sido atingido quando os policiais tentavam conter alguma outra situação, e ele provavelmente estava no meio da confusão. Ele reclama com razão de ter sido atingido, já que não fazia nada de errado. Estaremos levando o caso ao comando em Curitiba, onde provavelmente será aberto um processo administrativo, para apurar se houve excessos por parte dos policiais", explica o major.

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