Protesto de policiais civis contra a superlotação das carceragens das delegacias chama a atenção da população da Região Metropolitana de Curitiba. Em diversos distritos policiais, foram estendidas faixas denunciando a situação, que, segundo o sindicato que representa a categoria, compromete o trabalho de investigação de crimes e o atendimento ao público.
“Policial não é carcereiro, nem guardião de presos”. “Penitenciárias de padrão internacional, delegacias com padrão medieval”. “Cuidamos de 180 presos. Não temos tempo para atender o cidadão de bem”. As frases estão estampadas em cartazes e faixas fixadas nas entradas das delegacias desde sexta-feira, chamando a atenção da população para o problema crônico no Estado.
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o Paraná tem a maior população de presos em delegacias do País, com mais de 16 mil. Comprometidos com a guarda dos criminosos, os policiais dizem que muitas vezes não sobra tempo para cumprir sua verdadeira função: a investigação criminal.
Até carceragens já interditadas pela Justiça, como as do 11.º DP (Cidade Industrial) e 12.º DP (Santa Felicidade) continuam superlotadas e recebendo mais presos. “Há anos a situação é a mesma ou cada vez pior. E acho que ainda vai demorar muito para alguém resolver”, diz um policial ouvido pela Tribuna.
Só piora
O presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis no Paraná (Sinclapol), André Gutierrez, diz que a situação pode piorar ainda mais a partir do final deste mês. “No dia 30 vence o contrato dos auxiliares de carceragem, que não será renovado, e todo o trabalho de guarda de presos ficará a cargo dos policiais. É isso o que motiva o nosso protesto”, explica.
Governo promete transferências
Na tarde de ontem, André Gutierrez esteve reunido com o secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida Cesar. “Ele disse que vai marcar encontro direto com o governador Beto Richa, até o dia 20. Até lá, vamos deixar o movimento em “stand by’”, afirma.
Através de nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública diz que a transferência dos presos das delegacias para penitenciárias é uma meta que está sendo perseguida. “A migração dos presos é gradual e depende da abertura de vagas no sistema. Segundo determinação do governador, até o final de 2013 os presos de diversas carceragens geridas pela secretaria devem ser transferidos para o sistema penitenciário”, promete.