Polícia indicia casal pela morte de garota com soco na cabeça

Com um soco na cabeça, o auxiliar de serviços gerais, José Carlos da Silva, 36 anos, matou a enteada, de dois anos e meio.

A crueldade, cometida na noite de quinta-feira, no bairro Guaraituba, em Colombo, foi o fim de uma seqüência de agressões que, segundo João Carlos, eram cometidas a pedido da mãe da menina, Janete Aparecida Orbach, 33.

Amanda Orbach Pereira morreu assim que foi levada pelo casal à unidade de saúde do município. Os dois foram presos horas depois do crime, enquanto os médicos tentavam salvar a criança.

O choro de Amanda foi ouvido durante toda a tarde de quinta-feira por vizinhos. José Carlos cuidava da enteada, enquanto Janete trabalhava. Por volta das 20h, quando a mulher chegou, a menina ainda chorava. ?Fiquei descontrolado com a criança. Puxei Amanda pelos cabelos, joguei-a no sofá e, depois, lhe dei um soco na cabeça?, descreveu José Carlos.

Desesperado com o que tinha feito, o auxiliar de serviço gerais tentou reanimá-la. ?Fiz respiração boca-a-boca, massagem e joguei álcool no peito para ver se ela voltava, mas nada deu certo?, contou. Com Amanda desmaiada nos braços, ele e Janete correram em busca de ajuda e conseguiram carona até a unidade de saúde. A menina sofreu traumatismo craniano.

Foto: Átila Alberti

Amanda: morta porque chorava.

Contradição

Segundo a delegada Márcia Marcondes, os médicos desconfiaram do casal e avisaram a polícia. ?No começo, eles disseram que a tinham derrubado. Um acusava o outro. Depois, ele confessou o crime. Janete também confessou que batia na filha?, contou a delegada, lembrando que o pai biológico da menina foi assassinado, há cerca de um mês, em Curitiba.

José Carlos disse que não era o único a torturar Amanda. ?Eu dava chinelada na cara dela às vezes, mas fazia isso porque Janete me pedia para educar a filha dela?, contou. A mulher confessou que também batia na criança com uma varinha de madeira.

Segundo a polícia, o casal costumava deixar Amanda de castigo, ajoelhada no chão, por mais de uma hora. A delegada indiciou o casal por homicídio doloso (com intenção de matar).

Violência era corriqueira

Segundo uma vizinha do casal, há dois meses, Janete se mudou para a casa de José com a filha. De 16 de maio a 30 de junho, ela pegava a menina às 4h30 da madrugada, quando Janete saía para trabalhar, e a entregava às 20h, quando a mãe voltava.

?No primeiro dia logo vi um hematoma na bundinha da Amanda. Perguntei pra Janete o que era aquilo e ela disse friamente que não era nada. Porém, toda vez que ela vinha buscar Amanda, a menina corria e dizia que não queria voltar para casa. Era uma criança muito dócil e querida?, disse a vizinha, em prantos.

Desde a última terça-feira, o padrasto, que estava afastado do emprego por problemas psicológicos, passou a cuidar da menina. As fotos de Amanda eram guardadas no forro da casa, pois José Carlos não gostava da criança.

Ele tem duas filhas, de 8 e 14 anos, que moram com a ex-mulher. Janete também é mãe de outras duas crianças de 14 e 7 anos. Uma mora com o pai e outra com a avó, decisão tomada pelos parentes, porque a mãe agredia os filhos.

História se repete

Há pouco mais de um ano, no mesmo município onde a pequena Amanda foi morta, outra criança foi assassinada pela mãe. Em 1.º de junho do ano passado, Nicole Eduarda Ponfrecki Guedes, de um mês, foi encontrada morta dentro de um valeta perto de sua casa. A mãe dela, Karla Ponfrecki, 19 anos, inventou um seqüestro, mas, dias depois, confessou que derrubou a filha e escondeu o corpo da criança na valeta.

No último dia 15, um bebê com cerca de 10 dias foi abandonado em frente a uma igreja no Alto da XV. Junto dele estava a carta da mãe, que tentava justificar o abandono por não ter condições de criar a criança. Ainda não há pistas de quem seja a mãe da criança.

Por fim, no começo desta semana outro caso chocou a população. A auxiliar de enfermagem Tatiane Damiane, 41 anos, matou a própria filha, de oito meses, arremessando-a do 6.º andar do prédio onde moravam, no centro de Curitiba.

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