PMs e bandidos na disputa da segurança de comércios

O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região Metropolitana, João Soares, denunciou que policiais militares e criminosos disputam segurança de comércios.

“Em alguns locais, comerciantes são obrigados a contratar criminosos para serviços de segurança. Os policiais, em vez de combater o problema, oferecem preços mais baixos pelos serviços e disputam mercado com bandidos. Muitos realizam serviços particulares, mesmo durante o expediente na corporação”, afirmou.

João participou, ontem, da discussão sobre os “bicos” feitos por PMs, no plenarinho da Assembleia Legislativa. Em todo país, é grande a quantidade de denúncias que evolvem policiais que trabalham como seguranças de casas noturnas, farmácias, lotéricas e outros estabelecimentos em seus horários de folga.

“Os policiais têm carga horária dentro da corporação e são proibidos de realizar serviços particulares de segurança. Quando eles trabalham em seus horários de folga, voltam à corporação cansados. Alguns até a usam armas da Polícia Militar, para serviços particulares”, completou o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná, Maurício Smaniotto.

Controle

As causas das irregularidades seriam a falta de controle por parte do comando da Polícia Militar e também os baixos salários pagos aos policiais. “Deveria ser permitido que policiais militares realizassem horas extras em casos especiais e fossem remunerados por elas. Tenho um projeto de lei em trâmite para que isso se torne realidade”, comentou o deputado estadual Péricles de Mello (PT), que propôs a audiência.

O coordenador dos conselhos comunitários de segurança pública do Paraná, Júnior Emerson Zarus, informou que a Secretaria da Segurança Pública tem conhecimento dos “bicos” e que as denúncias são investigadas. Os policiais podem ser punidos com processos administrativos e expulsão da PM.

“O salário da Polícia Militar do Paraná não é o ideal, mas ainda assim é considerado bastante bom em relação a outros Estados. Atualmente, a remuneração inicial é R$ 1.800,00, podendo chegar a R$ 15 mil.” Júnior defendeu que deve haver punição também a quem contrata serviços particulares de integrantes da PM.