PMs confundem bancário com ladrão

O bancário Alexandre Menezes, morador há mais de 30 anos em uma casa da Rua Sérgio Pereira da Silva, no Pilarzinho, foi confundido com um assaltante, na tarde de anteontem. Segundo Alexandre, policiais militares do 12.º Batalhão invadiram a sua casa, o agrediram, balearam o seu cachorro e, depois de horas de terror, o levaram para o 8.º Distrito Policial.

De acordo com seu relato, por volta de 17h, ele foi abordado em frente a sua residência, onde esperava um amigo. Dentro do terreno, sua namorada e uma amiga brincavam com os cachorros. Segundo Alexandre, os soldados Vanderson e Alexandre agiram de forma truculenta. ?Eles me mandaram deitar e já foram me chutando. Minha namorada disse que eu morava ali e que eles estavam me confundindo, mas os policiais nem deram atenção?, contou. Alexandre correu para dentro de sua casa e foi seguido pelos policiais. Um dos cachorros avançou no PM, que atirou três vezes. Um dos tiros acertou o cão.

?Eles viram que tinham feito besteira, disseram que haviam me confundido com um assaltante. O próprio dono da farmácia assaltada disse que as características que passou para a PM era de um homem negro, baixo, trajando camiseta branca e bermuda preta?, contou indignado. Alexandre é alto e loiro.

Prisão

Quando achou que a confusão já estava encerrada, Alexandre teve outra surpresa. Outras viaturas do 12.º BPM e oito policiais, comandados pelo aspirante Ivair, entraram em sua casa para levá-lo preso, por desacato a autoridade. ?Eles invadiram minha casa e, quando meu advogado perguntou se eles tinham mandado, o aspirante mostrou a pistola?, completou.

Alexandre foi encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac), anexo ao 8.º Distrito Policial, e teve que assinar um termo circunstanciado por desacato. ?Quando eu disse que eles haviam cometido um erro e seriam penalizados, me ameaçaram de morte?, disse. O bancário ainda disse que sua namorada foi abordada por PMs, quando levava o cachorro para o veterinário. Os policiais teriam alegado ter recebido denúncia que no veículo havia drogas e armas. ?Eles não encontraram nada e a liberaram?, contou Alexandre.

?Procedimento normal?

Segundo o coronel Fadel, comandante do 12.º BPM, os policiais estavam em patrulhamento, procurando o assaltante de uma farmácia. O oficial disse que Alexandre foi visto correndo em direção a sua casa e recebeu voz de abordagem.

Para a polícia, Alexandre tentou se esconder no terreno e quando eles entraram foram surpreendidos por um pit bull, que mordeu a mão de um PM. ?O policial contou que atirou no cachorro em legítima defesa?, afirmou.

O comandante também alegou que Alexandre, em determinado momento, tentou sair com o carro da residência, mas foi impedido pelos policiais. ?Como o terreno é grande, ele deu um cavalo-de-pau com o veículo, o que despertou a atenção dos demais militares que estavam no local. Nesse momento eles entraram no terreno e tentaram impedir que ele tomasse alguma atitude precipitada?, explicou. ?Foi um procedimento normal.?

Investigação

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que determinou a instauração imediata de procedimento administrativo para esclarecer se houve abuso policial. ?A secretaria informa que é comum o desconforto do cidadão às abordagens policiais, entretanto elas são de extrema necessidade para a segurança de todos?, diz a nota.

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