PM não pode fazer ?bico?

Nos últimos 12 dias, dois policiais militares foram assassinados e um ficou ferido, quando estavam no interior ou próximos de estabelecimentos comerciais. Para o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, são fortes os indícios de que eles foram mortos em serviço, quando faziam ?bicos? como segurança. Segundo o presidente do sindicado, João Soares, cerca de 50% do efetivo da PM que está nas ruas trabalha na ilegalidade nos dias de folga, o que resulta em desemprego para vigilantes e na má qualidade dos serviços prestados pela PM à população.

Segundo João Soares, os baixos salários dos policiais faz com que a maioria aproveite os dias de folga para fazer os ?bicos?. ?Muitas vezes, viaturas do Projeto Povo são vistas em frente a comércios, pois os policiais de folga pedem ajuda para os que estão trabalhando. Desta forma a população fica desguarnecida?, afirma o presidente, lembrando que grandes redes de farmácias e supermercados são os segmentos que mais contratam policiais militares. Para ele, o agravante é que estes policiais não têm o preparo dos vigilantes, que recebem aulas de atendimento ao público, treinamento psicológico e orientação para atirar apenas quando não houver riscos para ele, funcionários ou clientes do comércio.

Para um comércio, o custo em manter quatro vigilantes que cubram o turno de 24 horas gera custo médio de R$ 8 mil. Já um policial militar cobra cerca de R$ 50 reais por dia. ?Os comerciantes acreditam que contratar PMs, além de ser mais barato é mais vantajoso, pois eles contam ainda com a ajuda dos policiais que estão em serviço. A Secretaria de Segurança Pública precisa tomar alguma medida urgente, pois muitos policiais, entre eles oficiais, que deveriam servir a população estão servindo a iniciativa privada?, finalizou João Soares.

Crimes levantam suspeitas

Em 27 de dezembro, o policial militar Luiz Carlos Anízio, 32 anos, foi morto em frente a um supermercado no Atuba, com um tiro no pescoço, por um dos bandidos. A versão é que o policial estava em frente ao comércio, conversando com o proprietário do mercado, quando dois homens armados atiraram contra ele. No dia 30, a confusão no estacionamento de um bailão do Alto Maracanã, em Colombo, terminou com a morte do soldado Lázaro Lima, 33 anos, lotado no 17.º BPM. Ele foi executado com pelo menos cinco tiros de pistola. Segundo informações apuradas pela polícia local, várias pessoas, inclusive o policial, em seu horário de folga, se divertiam no bailão.

Por fim, no último dia 5 o sargento Veiga, lotado no Hospital da Polícia Militar, foi baleado na virilha durante tentativa de assalto a uma farmácia, na Rua Alferes Poli. ?É preciso uma investigação rigorosa para averiguar se estes policiais estavam realmente por acaso nesses locais ou se estavam trabalhando?, disse o presidente do sindicato.

Todos devem denunciar irregularidades

Marcelo Vellinho

O coronel Jorge Costa Filho, chefe da comunicação social da Polícia Militar do Paraná, informou, na tarde de ontem, que os casos citados pelo Sindicato dos Vigilantes estão sendo investigados. Porém, o coronel não acredita que os policiais envolvidos estivessem fazendo ?bicos?. ?As investigações estão em andamento. No caso do soldado Lázaro Lima, ele estava de folga, se divertindo num bailão, quando tentou apartar um briga e levou um tiro. Já o sargento Veiga foi baleado na farmácia da própria mulher, quando foi buscar a esposa?, disse o coronel.

Costa Filho acredita que não é comum policiais trabalharem fazendo ?bicos?. ?Se há, são casos isolados. O salário não é ruim como se pensa. Em média, um policial militar recebe em torno de R$ 1.700,00 líquido?, contou. Ele também fez um apelo para que os ?bicos? feitos por PMs sejam denunciados. As denúncias podem ser feitas para o Comando do Policiamento da Capital, pelo telefone (41) 3304-4800. De acordo com o coronel, há oficiais que fiscalizam o comportamento dos policiais. ?Se detectamos algo suspeito, solicitamos monitoramento?, concluiu o coronel.

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