PIC recebe fitas com escutas telefônicas

A Promotoria de Investigações Criminais (PIC) do Ministério Público Estadual (MPE) recebeu, ontem, uma sacola com 361 fitas cassetes contendo gravações de conversas telefônicas que podem estar relacionadas ao caso do policial civil Délcio Augusto Razera, preso desde o início de setembro sob acusação de executar escutas telefônicas ilegais. O material foi entregue pela assessoria jurídica do Jornal do Estado, depois que um dos repórteres do veículo teve acesso ao material, por meio de uma ligação anônima. Ainda não se sabe a origem das fitas ou quem seria o responsável pela entrega ao jornalista.

Na tarde de anteontem, o repórter recebeu um telefonema sem identificação que informava a existência de um material para entrega. A ligação ainda dava conta de que uma pessoa envolvida no caso Razera estaria disposta a dar entrevista para o jornal. Conforme combinado, o repórter se deslocou até a Rodoferroviária de Curitiba para pegar o material, mas, diferente do que teria sido dito, não havia ninguém à espera. O jornalista apenas retirou o conteúdo no guarda-volumes, uma sacola cheia de fitas cassetes.

O advogado do jornal, Vinícius de Andrade Mendes, se deslocou à PIC na tarde de ontem para entregar o conteúdo recolhido. As fitas foram recebidas pelo coordenador da promotoria, Paulo Kessler, que não quis falar com a imprensa. Segundo o advogado, numa rápida contagem foi apurado que existiam na sacola 48 fitas com caixa, 313 sem caixa e outras 340 caixas vazias. ?Não se sabe de quem é nem de onde vieram?, adiantou Mendes. Ele afirma que somente duas fitas foram ouvidas e que o conteúdo era corriqueiro. ?Tratava-se de conversas de pessoas. Nós ouvimos muito pouco, apenas para constatar se eram mesmo gravações telefônicas?, disse. Numa das fitas, o advogado relata que ouviu alguém da Secretaria de Estado da Saúde atender ao telefone; em outra, a gravação seria de uma conversa de um deputado estadual.

Ainda de acordo com Vinícius Mendes, no momento não há provas de que o material esteja ligado ao caso Razera. ?Conversei com o promotor (Paulo Kessler) e ele me disse que seria uma leviandade falar sobre qualquer tipo de identificação agora?, disse o advogado. A promotoria deve apurar o conteúdo das gravações para descobrir a origem do material.

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