Pegos acusados de chacina

Foi por causa dos tênis que três adolescentes usavam é que a Polícia Civil de Almirante Tamandaré os descobriu como partícipes da chacina que ocorreu no município no último dia 12 de novembro, e vitimou duas pessoas da mesma família, além de deixar outras duas hospitalizadas. Segundo Leodir Fagundes de Brito, superintendente da delegacia local, os adolescentes foram apreendidos em uma "boca de fumo", com 96 buchas de maconha e 145 pedras de crack, além de uma pistola e um revólver calibre 22. No trajeto até a delegacia, um parente dos mortos na chacina passava pela rua e viu a polícia levando os jovens. Esta pessoa lembrou-se do relato de uma das vítimas, que está internada, de que no dia do crime dois rapazes usavam tênis iguais, da mesma marca e cor. Lembrando-se do relato, procurou a polícia, que confirmou o envolvimento dos adolescentes a partir do reconhecimento dos calçados. Além disso, os tênis e uma camisa usada por um deles foram levados à perícia, que encontrou vestígios de sangue. Estes jovens foram presos no dia 18, seis dias após a chacina, porém a informação vinha sendo mantida em sigilo até a confirmação dos fatos.

Também foram presos Valdir Fuhr, 45 anos, em São João do Triunfo, apontado pelos adolescentes como sendo o homem que vendeu as armas encontradas com eles, além de um outro homem, preso anteontem, suspeito de ser o mandante do crime. Este último não teve seu nome divulgado porque a polícia ainda não tem confirmações de sua participação nos homicídios, e ele nega envolvimento no fato. Foi Valdir, encontrado com um revólver calibre 38, quem disse à polícia que este homem, com nome não divulgado, era o mandante dos assassinatos. O superintendente diz que crime passional ou envolvimento com drogas são motivos descartados, e que a provável causa da chacina foi uma desavença entre vizinhos.

Os garotos foram levados ao Serviço de Atendimento Social (SAS) e, segundo informações recebidas pelo delegado Marcelo Lemos de Oliveira, eles receberiam R$ 500,00 pelas mortes.

Chacina

Na madrugada de 12 de novembro, o grupo invadiu os fundos de uma residência situada na região conhecida como Nova Moradia, em Almirante Tamandaré, procurando por Anderson Alves, 18 anos. Encontraram-no dormindo na sala, junto com a namorada, de 17 anos, além da filha dela, de um ano e sete meses. Na escuridão, sem saber exatamente qual das pessoas deitadas era o alvo, os bandidos dispararam diversos tiros, que mataram Anderson e a garotinha. "Sabemos que eles estavam apenas atrás do Anderson", diz o delegado. Dircelene Alves, 41 anos, mãe do rapaz morto, tentou reagir e foi esfaqueada e ferida a tiros. Já a namorada de Anderson foi levada ao hospital, onde permanece internada desde o dia do fato.

Em cana por roubo de carro

A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) apresentou na manhã de ontem, dois homens acusados de participação em furtos de diversos carros em Curitiba e utensílios utilizados para arrombar veículos. Geraldo Alexandre dos Santos, 27 anos, e João Antônio Pereira, 34, foram pegos na manhã de quarta-feira, quando transitavam com um carro suspeito pelas ruas do bairro Mercês. Os dois negam envolvimento nos crimes.

De acordo com o delegado Ronald de Jesus, há alguns meses a polícia estava atrás de uma Saveiro branca, com placa de São Paulo, que estaria envolvida em casos de furto de veículos, principalmente, nos bairros Jardim Social, Cabral e Juvevê. Os modelos levados pelos marginais eram, preferencialmente, carros que não são mais fabricados, como Kadett, Voyage e Monza.

O delegado ressaltou sobre a dificuldade de localizar a Saveiro, pois a placa era de outro Estado. A Saveiro apreendida tinha uma marca de tiro em sua carroceria, a qual teve origem após uma perseguição policial, de acordo com Ronald.

O policial solicita às vítimas que reconheçerem os detidos ou a Saveiro utilizada para o cometimento de crimes, que entrem em contato com a DFRV pelo telefone 3329-6744.

Família ainda teme

"Mesmo com todos presos, eu ainda não me sinto totalmente segura, nem eu nem minha filha, nem sei se vamos nos sentir mais assim", conta Dircelene Alves, 41 anos, mãe de Anderson, morto na chacina. Ela diz que, com medo, já não tem mais parada fixa, passando cada dia na casa de um familiar ou amigo diferente, e que sua filha também já não quer mais permanecer na cidade. Quando foi fazer o reconhecimento dos adolescentes, Dircelene conta que sentiu um grande desespero. "Dá vontade de fazer a justiça com as próprias mãos", disse. Ao ser questionada sobre o que fará de sua vida daqui por diante, ela lastima: "E agora? Eu é que pergunto o que será de minha vida."

Com a grave agressão que sofreu, ela ainda se recupera física e psicologicamente. Dircelene terá que fazer fisioterapia por um longo tempo, pois perdeu o movimento de um braço. "Não posso mais trabalhar", desespera-se. A vítima ainda conta que já sabe da prisão deste último homem, apontado como mandante do crime. Apesar de dar poucas informações sobre ele, Dircelene apenas diz não ter certeza de que ele seja o mandante. "Nunca nos desentendemos, não sei por que ele mandaria matar meu filho", diz. Além disso, ela atesta que Anderson evitava confusões e desentendimentos. Segundo Dircelene, a namorada de Anderson, que tinha uma bala alojada na cabeça e ainda está internada, só ficou sabendo anteontem da morte da filha e do namorado.

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