Paraná registra oitava rebelião na semana

A rebelião durante a madrugada de ontem no presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, foi a oitava da semana no Estado. Segundo a Polícia Militar, os presos iniciaram o movimento após uma tentativa de fuga frustrada, o que excluiria relação com a onda de rebeliões no Paraná aparentemente incitadas pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), a exemplo do que aconteceu nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Afora isso, o presídio, com capacidade para 120 presos, também está superlotado, abrigando 265 detentos. A rebelião durou pouco mais de três horas e resultou em oito policiais feridos a pedradas e um preso gravemente ferido à bala. Duas mulheres suspeitas de auxiliar na tentativa de fuga foram presas.

Cento e dez presos aderiram à rebelião, que resultou em muita destruição no presídio, conhecido como Cadeião do Santa Maria. Portas foram arrancadas, paredes quebradas e colchões queimados. De acordo com a assessoria de imprensa do 1.º Batalhão da PM em Ponta Grossa, nenhuma exigência foi feita pelos rebelados, que teriam se revoltado apenas depois que uma tentativa de fuga em massa foi descoberta e frustrada pela polícia – a saída seria feita por um túnel de seis metros, que ligava uma das celas ao pátio externo da prisão.

A tentativa de fuga começou às 5h30, quando dois detentos tentaram escapar e foram contidos. Um deles, Rodrigo dos Santos, conhecido como ?Coiote?, levou tiros nas costas e está internado em estado grave no Hospital Bom Jesus. Apesar da gravidade dos ferimentos, o preso não corre risco de morte. O outro detento, Alexandre da Silva Irineu, acabou recapturado. Os amotinados atiraram pedras nos policiais – oito saíram feridos – e fizeram reféns alguns companheiros de celas. Alguns foram agredidos, mas sem ferimentos graves, que necessitassem encaminhamento ao hospital.

O subcomandante do 1.º Batalhão, major Francisco Andrade Filho, que comandou as negociações, acredita que a ação rápida da polícia foi responsável por evitar a fuga e a revolta que poderia tomar proporções alarmantes. Graças ao diálogo, antes das 9h a situação estava controlada. "Deixamos claro que a nossa única negociação era a rendição incondicional deles, que, naquele momento, ainda estavam protegidos por duas barricas montadas no interior das celas", conta. "Todo o prédio estava controlado. Não demos outra alternativa". A polícia prometeu solicitar com a máxima urgência a remoção de parte dos presos para diminuir a superlotação no presídio.

Líderes

Os irmãos gêmeos Marcos e Márcio Lopes Ferreira, que cumprem pena por homicídio, roubo e assalto à mão armada, são apontados como líderes da rebelião. A irmã dos presos, Giselda Pereira Lopes, foi presa junto com a namorada de Marcos, Tatiane Iankoski, falando ao celular dentro de um carro nas proximidades da prisão. A polícia suspeita que estivesse combinando detalhes da fuga com os gêmeos. "Os detentos tinham a certeza da fuga, que, felizmente, conseguimos frustrar. Daí o motivo da rebelião", diz Andrade, que descarta qualquer relação com o PCC: "Foi uma rebelião isolada. Nem exigências os presos fizeram", justificou. Todos devem ser ouvidos em inquérito aberto para apurar o motim.

Campo Mourão

Na 16.ª Subdivisão Policial de Campo Mourão, Noroeste do Estado, houve nova tentativa de rebelião, ontem de manhã, devido à transferência de dez detentos para a Penitenciária de Maringá. Nove presos concordaram em ser transferidos, mas Rodrigo Antônio Olegário, um dos líderes da rebelião de domingo, se negou a sair da cadeia. A Polícia Militar foi chamada e, após uma hora e meia, retomou o controle da unidade.

Ação civil do MPF pede delegacia da PF em Cascavel

A procuradora da República em Cascavel, Elaine Ribeiro Menezes, protocolou ontem uma ação civil pública pedindo a instalação de uma Delegacia da Polícia Federal na cidade. Ela quer evitar que o presídio federal de segurança máxima em Catanduvas seja inaugurado sem o suporte de uma delegacia. Hoje são policiais federais de Foz do Iguaçu que cobrem a região, mas ficariam sobrecarregados com a nova responsabilidade.

O presídio deve ser inaugurado no próximo mês e para lá devem ir presos de alta periculosidade e ameaçados de morte. A procuradora diz que é necessário criar um serviço de inteligência na região para evitar a invasão do crime organizado. Segundo a procuradora, a delegacia de Foz não tem estrutura para dar conta de um presídio desse porte, devido à intensa atuação junto a fronteira. "Ainda dá tempo de criar a delegacia. A medida não é feita através da criação de uma lei, depende apenas de um ato político", comenta Elaine. Segundo ela, a Prefeitura já ofereceu até um prédio para a instalação da delegacia. A superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, informa que já está quase tudo pronto para a delegacia de Cascavel começar a funcionar.

Ainda não foi definido quais presos irão para Catanduvas, mas sabe-se que são bandidos do calibre de Marcos Camancho, conhecido como Marcola, e de Fernandinho Beira-Mar.

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