Para polícia, briga causou morte de sem-terra em Ortigueira

A polícia concluiu que a morte do líder sem-terra Eli Dallemole, ocorrida no domingo no assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira, na região central do Paraná, foi motivada por desavença pessoal. Apontado no inquérito como um dos autores dos tiros, Odenir Souza Matos, conhecido como Zezinho, tinha sido expulso do acampamento dos sem-terra na Fazenda Copramil e teria jurado Dallemole de morte.

O inquérito apresenta Valderi Aparecido Ortiz como também suspeito de ter participado diretamente da morte do sem-terra. Em sua casa a polícia encontrou uma calça jeans clara com manchas. A mulher do sem-terra morto reconheceu a calça como pertencente a um dos dois homens que mataram seu marido dentro de casa. A perícia investiga se as manchas são de sangue e, no caso de o dado ser positivo, se o sangue é de Dallemole.

Na casa de Matos, a polícia encontrou um revólver calibre 38, mesmo modelo utilizado para matar o sem-terra, e dois capuzes parecidos com os descritos por testemunhas. À polícia, Matos disse que teria usado a arma, por volta das 20 horas, para matar um tatu que vira em uma estrada. Dallemole foi morto às 19h30. "O Eli era coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e descobriu que Zezinho estava trabalhando para o Adilson (Adilson Honório de Carvalho, apontado como proprietário da fazenda Copramil), por isso expulsou-o, mas o Zezinho prometeu que iria matá-lo", disse a delegada Vanessa Alice, responsável pelo inquérito.

Em fevereiro, Dallemole já tinha sofrido tentativa de homicídio e a polícia fazia investigações. No início de março, homens armados estiveram na fazenda e expulsaram as 33 famílias que lá estavam acampadas, colocando fogo nos barracos. Em razão dessa ação, a polícia tinha pedido a prisão de Matos, Ortiz, Carvalho, além de Genivaldo Carlos de Freitas e José Moacir Cordeiro. Todos foram presos segunda-feira.

No relatório do inquérito, a delegada reiterou o pedido de prisão preventiva. Os sem-terra invadiram novamente a fazenda, terça-feira, depois do sepultamento de Dallemole. A advogada da Terra de Direitos, Gisele Cassano, que representa o MST, disse que não tinha conhecimento das conclusões do inquérito, por isso preferia não comentá-lo ainda.

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