Pais choram morte de filhos para as drogas

Dois pais perderam, ontem, os filhos para o crack, droga que escraviza jovens destrói famílias por todo o País. Pouco antes das 8h, Luís de Souza, 41 anos, encontrou Gabriel Vaz Santos, 14, morto com tiros na cabeça, as mãos amarradas e amordaçado, no Umbará.

Quase na mesma hora, em Piraquara, o pai de Dalmo de Souza Júnior, 17, chorava ao lado do corpo do rapaz, que abandonou a família para entrar no tráfico de drogas.

Gabriel, que completaria 15 anos em setembro, foi achado por moradores numa rua sem nome e enlameada pela chuva, nos fundos de um condomínio, no Jardim Vitória. O pai do adolescente, no entanto, já sabia da morte ainda de madrugada.

“Um amigo que estava com ele me contou”, disse Luís, ao lado do filho mais velho, de 18 anos. Transtornada ao saber da morte do garoto, a mãe de Gabriel não saiu de casa. O filho mais novo, o bebê de 4 meses, foi para a creche, aos cuidados de uma educadora.

Desaparecido

Gabriel, segundo o pai, saiu de casa na noite de sexta-feira sem contar para onde ia. Luís revelou que o filho usava droga há quase dois anos e implorava que o menino ficasse em casa e não saísse para fumar o “maldito crack”.

Luís, que é carregador na Ceasa, contou que se preparava para ir para o trabalho, quando foi avisado, e chamou a polícia. O garoto foi encontrado com as mãos amarradas para trás, amordaçado e com dois tiros na cabeça. O crime é investigado pela Delegacia de Homicídios.

Escolha pela criminalidade

Há seis meses, Dalmo de Souza Júnior, 17 anos, abandonou a mulher, o filho de um ano e o afeto dos pais, para traficar. Ontem, por volta de 8h20, o adolescente foi assassinado com quatro tiros, num carreiro da Rua São João Batista, Jardim Guarituba, em Piraquara.

O morador da residência próxima disse que acordou com o barulho de dois disparos. Ao abrir a porta, encontrou Dalmo no chão. O pai rapidamente chegou ao local e permaneceu sentado, chorando ao lado do corpo do rapaz, até a chegada do Instituto Médico-Legal (IML).

Fuga

Segundo os soldados Bertuzzi e Dranka, do 17.º Batalhão da Polícia Militar, Dalmo foi morto com um tiro na cabeça e três no peito. O crime, provavelmente, foi motivado por acerto de contas. “Aparentemente, ele tentou fugir pelo carreiro”, supôs Bertuzzi.

Numa cena dramática, o pai ajudou a carregar a bandeja com o corpo do filho. “Nós o tiramos da escola por causa de problemas e eu consegui emprego de serralheiro para ele. Mas há seis meses, ele saiu de casa para vender droga”, contou o pai. Ele até propôs vender a residência e irem todos para o interior