Outro policial Civil executado

Ao sair para se encontrar com o seu assassino, o investigador da Polícia Civil, Osvaldo Alves da Veiga, 46 anos, lotado na Delegacia de Homicídios, foi executado com seis tiros. O crime aconteceu às 16 horas de sábado, na Rua Jordânia, próximo da BR-277, no Cajuru. Este é o terceiro policial civil morto em pouco mais de um mês. Ao que tudo indica o motivo da morte de Veiga é diferente da dos seus dois colegas: um por assalto e outro ao impedir o arrebatamento de presos na Delegacia de Colombo. “Foi homicídio mesmo”, salientou o superintendente da Delegacia de Homicídios, Miguel Gumiero, ao explicar que o autor deve ter premeditado o crime.

Logo após o assassinato, investigadores de diversas delegacias passaram a buscar pistas do criminoso. “Já temos três suspeitos que estão sendo monitorados. Nós próximos dias o caso estará solucionado”, prometeu o delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura, titular da Delegacia de Homicídios.

Morte

Veiga estava no cabeleireiro com a esposa, quando recebeu o telefonema do assassino. “Ele havia acabado de terminar a faculdade de Direito e estava se preparando para a formatura”, salientou Cartaxo. Assim que desligou o telefone, Veiga avisou a mulher que precisava ir trabalhar. Em seguida, levou-a juntamente com os filhos para a casa da sogra, situada no Cajuru, e foi se encontrar com o assassino. Não se sabe ainda se Veiga comentou com a mulher quem era a pessoa com quem falou ao telefone. Ela e um outro policial, que era parceiro dele nas investigações, serão ouvidos hoje pela manhã e são peças importantes para solucionar o crime, de acordo com Cartaxo.

Veiga estava em férias desde o início de julho, o que levou a polícia a suspeitar que o crime poderia ter relação com a loja da mulher dele – de carpetes e papéis de paredes no Cajuru -, que era gerenciada pelo cunhado. Porém, mais tarde, isso foi totalmente descartado. A notícia de sua morte chegou à família meia hora depois dele ter saído da casa da sogra. “O assassino conhecia o Veiga. Estava dentro de seu Fiat Pálio quando atirou”, contou o delegado Cartaxo. “Temos certeza que o crime está relacionado com o fato do Veiga ser um policial”, ressaltou.

Socorro

Um homem que passava pela Rua Jordânia, num Fiat Uno, foi o primeiro a tentar socorrer o policial. Ferido por dois tiros na cabeça, um no peito, um nas costas, um na mão e o sexto no braço, Veiga não resistiu e morreu ali mesmo, próximo ao carro, antes mesmo da chegada do Siate. Todos os tiros o atingiram no lado direito do corpo, indicando que ele tentou sair do carro ao perceber que a pessoa ao seu lado estava armada. Ele estava desarmado naquele momento.

A pessoa que tentou socorrê-lo teria visto um homem correr em direção à Rua Filipinas, logo após os disparos. Com a vítima, a DH encontrou cartões bancários de propriedade dela e nove cheques, que totalizavam R$ 923,00, da empresa da mulher do investigador.

Assassinos chamam pelo telefone

Mara Cornelsen

Da mesma forma que Osvaldo da Veiga foi chamado pelo telefone para se encontrar com seu assassino, em 29 de março desse ano, às 18h30, o também policial civil Aparecido Lopes, o “Cido”, 46 anos, recebeu uma ligação de seu suposto matador. Lotado no 11.º Distrito Policial (CIC), “Cido” estava em casa – situada na Rua Joaquim Oliveira Filho, no Campo Comprido – quando alguém lhe ligou e pediu que fosse até o portão de sua residência.

Desarmado, a exemplo de Veiga, ele foi atender o criminoso e recebeu cinco tiros. Morreu antes da chegada de socorro.

Até hoje o caso não foi esclarecido pelos colegas do investigador e pode entrar para o rol dos insolúveis. Policial antigo e experiente, “Cido” deve ter sido morto por alguém que conhecia bem, caso contrário não iria sair de casa sem carregar seu armamento.

Problemas

Meses antes de morrer, “Cido” tinha ficado afastado de suas atividades e chegou inclusive a ficar preso por alguns dias, na carceragem para policiais existente na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, acusado de envolvimento em um homicídio e em roubo de carros. O pedido de prisão foi feito pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Como nada foi comprovado contra ele, ganhou a liberdade e retornou ao trabalho.

Em função desta acusação, o policial estaria movendo uma ação de indenização contra o Ministério Público. Durante anos “Cido” foi o braço direito do delegado Mário Ramos, que também foi preso este ano e levado para São Paulo, acusado de homicídio.

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