Morte de mulheres tem relação com tráfico

A morte de duas mulheres em Pinhais, fato que começou a ser atribuídao a um maníaco, está relacionado ao tráfico de drogas e prostituição naquela cidade. Na tarde de ontem, o delegado Gerson Machado apresentou dois homens que teriam envolvimento nos crimes e foram presos em decorrência de mandados de prisão expedidos pela Justiça. Antônio Sérgio Rodrigues, o “Seco”, e Christiano José Gonçalves, ambos com 29 anos, negam qualquer envolvimento com os assassinatos, mas apontaram nomes de possíveis executores ou mandantes dos crimes.

A investigação sobre os assassinatos de Cristiane Gomes da Silva, ocorrido em 5 de setembro na Rua Paranavaí, e de Rosinéia Ramalho de Souza, em 20 de agosto, na Rua Realeza, levou a polícia até o nome de Cleberson dos Santos, o “Pardal”, conhecido pelos investigadores por distribuir drogas em pensões de Pinhais. Ao ser interrogado, “Pardal” afirmou não ter participação nos assassinatos, mas acusou “Seco”, como o autor.

“Seco” – que também possui envolvimento com o tráfico de drogas – foi localizado e detido juntamente com Christiano, um usuário, na semana passada. Num acerto entre eles, confidenciado pelo próprio “Seco”, Christiano foi convencido a assumir a morte de Cristiane. “A intenção era que apenas um de nós ficasse preso. O outro sairia procurar um bom advogado”, afirmou “Seco”. Entretanto, como o plano deu errado, nos demais depoimentos prestados ao delegado e na acareação entre eles, uma nova versão, mais convincente, surgiu. Christiano disse que assumiu a culpa pela morte de Cristiane porque “Seco” seria extremamente violento e, inclusive, já teria espancado outros usuários que ficaram devendo, deixando-os bem machucados. “Seco” trabalhava no tráfico, vendendo drogas para Marcos Antônio Pirrotti, o “Marcão”, apontado como o grande traficante da região do Bairro Alto (Curitiba) e que abastece as “bocas” em Pinhais.

Tráfico

Desmentida a primeira versão dos fatos, em um novo interrogatório, “Seco” afirmou que o mandante das mortes de Cristiane e Rosinéia foi “Marcão”, pois elas eram garotas de programa e viciadas e, provavelmente, estariam devendo. Nas investigações foi descoberto que, no final da Rua Apucarana, há um mocó que é utilizado para o consumo de drogas e prostituição. Além desse ponto, na Vila Perneta, uma pensão também é usada para tais finalidades e lá moravam “Seco”, “Pardal” e Cristiane. Diante dessas informações, o delegado solicitou a prisão preventiva de “Marcão” que está foragido. De posse de um mandado de busca na residência do Bairro Alto, os investigadores conseguiram localizar várias cápsulas de pistola deflagradas e um álbum com fotografias que revelam festas na casa do suposto traficante e ele segurando armas de fogo.

“Pardal” também teve a sua prisão solicitada pelo delegado Gerson Machado. “De acordo com os interrogatórios, “Pardal” trabalhava juntamente com “Marcão? e seria um dos gerentes do tráfico na região”, afirmou o policial. Com a prisão desses dois, o delegado pretende esclarecer definitivamente a morte das mulheres e revelar qual a participação de cada um nos assassinatos.

Atividade lucrativa alimenta o crime

De acordo com o depoimento de “Seco”, que trabalhou para “Marcão” durante 9 anos revendendo drogas em Pinhais, o tráfico rende bem naquela região. Ele afirmou que por dia chegava a comercializar cerca de 1200 buchas de crack, o equivalente a R$ 6 mil. “Vejam só o poder do tráfico”, comentou o delegado. “Seco” foi preso acusado de estar de posse de uma moto furtada e passou 8 meses no Centro de Triagem II, em Piraquara. “Essa moto, eu recebi de um viciado que deixou penhorada, como parte de pagamento por pedras de crack e depois iria recuperá-la. Depois esse cara fez queixa de furto e a PM me pegou em casa com a moto”, contou. Durante o tempo em que permaneceu preso, “Seco” afirmou que “Pardal” tentou ficar com sua mulher, mas com a sua saída do Centro de Triagem o plano foi por água abaixo. “Foi por isso que ele me denunciou como autor da morte da Cristiane”, contou.

“Seco” saiu da cadeia através de alvará de soltura, em 5 de agosto deste ano, e disse que logo em seguida foi convidado a retornar para o grupo que revende drogas em Pinhais, mas não aceitou. “Queria ficar fora da venda e isso deve ter desagradado. Foi mais um motivo para tentarem me incriminar”, explicou.

A polícia acredita que “Marcão” realmente tenha um grande esquema de distribuição de drogas. Segundo o delegado, o “foragido” possui armas e veículos. Vários adesivos com o nome de “Marcão” foram apreendidos. “Ele nem é candidato e tem adesivo. É ousado”, comentou Machado.

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