Morre rapaz baleado em Guaratuba

Morreu ontem à tarde, no hospital de Paranaguá, Israel Fogaça, 22 anos. Ele foi atingido por um tiro na cabeça, na madrugada de sábado, disparado por um soldado do Corpo de Bombeiros, em Guaratuba.

A confusão ainda resultou na troca de tiros entre o bombeiro e um colega de corporação e dois policiais militares. Todos à paisana e em horário de folga. Um dos bombeiros, o soldado Anderson de Freitas, 23 anos, levou um tiro na perna e fraturou o fêmur. Ele passou por cirurgia no sábado e está fora de perigo.

De acordo com as informações do major Barros, comandante do Corpo de Bombeiros no litoral, os bombeiros estavam na Avenida Central de Guaratuba, próximo a um posto de gasolina, onde os jovens costumam se reunir de madrugada, quando começou uma briga no posto, envolvendo muitas pessoas. Os brigões teriam tomado rumo aos bombeiros, que até então nada tinham com a confusão, mas resolveram intervir. Identificando-se como bombeiros e informando que estavam armados, os soldados Anderson e Vinícius Barbosa tentaram pedir aos ?briguentos? que parassem. Porém os soldados foram intimidados por estarem em menor número e acabaram correndo.

Enquanto corriam, um dos bombeiros atirou para trás e acertou Israel, um dos participantes da briga. Poucos metros adiante, dois policiais militares, o sargento Balaban e o soldado Spagola, estavam num bar à paisana, de folga, e ouviram os tiros. Ao saírem para ver o que estava acontecendo, depararam com uma multidão correndo atrás dos bombeiros. Pensaram tratar-se de dois ladrões, então deram voz de prisão a eles. Os bombeiros não acataram a ordem, e por isso os policiais atiraram nas pernas dos ?fugitivos?. Anderson foi atingido na coxa esquerda. Anderson e Israel foram socorridos pelo Siate e levados ao Hospital de Paranaguá, onde Israel teve morte cerebral na noite de sábado e morte confirmada na tarde de ontem.

Inquérito

Os dois bombeiros pertencem ao Grupamento de São José dos Pinhais e estavam enviados ao litoral para dar reforço na Operação Finados. ?Eles não estavam fardados nem em horário de serviço, o que não caracteriza uma situação militar. Além de responder a um processo na Justiça comum, eles também devem responder a um Inquérito Policial Militar (IPM). Ontem eu apresentei o soldado Vinícius na delegacia e, na próxima semana, quando o soldado Anderson tiver alta, ele também deverá ser levado à delegacia. Amanhã (hoje) estarei levando toda a documentação do caso a Curitiba?, explicou o major.

Contra os dois policiais militares também deve ser aberto um IPM, apenas para averiguar o uso de suas armas de fogo fora do horário de serviço e descobrir se todos os procedimentos foram realizados corretamente.

?Mas acredito que contra eles não haverá nenhuma punição.

É apenas uma averiguação.

Em relação aos bombeiros, eles pertencem a uma instituição que tem o objetivo de salvar vidas e o que ocorreu é uma situação atípica?, disse Barros.

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