Matador do prefeito será interrogado aqui

O assaltante e seqüestrador Ivan Rodrigues da Silva, conhecido pelo apelido de “Monstro”, apontado como o líder da quadrilha que assassinou o prefeito Celso Daniel, de Santo André (SP), no dia 20 de janeiro passado, e pivô de um grande escândalo envolvendo policiais civis de Maringá, foi capturado ontem, por policiais paulistas, no município de Santa Isabel, naquele Estado. A polícia descobriu o cativeiro onde o criminoso e outros membros de sua gangue mantinham três pessoas como reféns. De acordo com a Corregedoria da Polícia Civil do Paraná, “Monstro” deverá ser interrogado nos próximos dias, a respeito da prisão e extorsão que teria sofrido no Paraná, 12 dias após o assassinato do prefeito.

O delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, e o corregedor Adauto Abreu de Oliveira, já entraram em contato com o delegado-geral da polícia de São Paulo, pedindo autorização para que o inspetor da Região Nordeste, Hidelberto Lagana, interrogue “Monstro” a respeito dos fatos acontecidos no Paraná. A denúncia de extorsão praticada por seis investigadores de Maringá – Nilo Sérgio Antunes, João Edson Pinheiro, Antônio Rubens de Oliveira, Paulino Gonçalves, Shirley da Silva Rodrigues e Robson dos Santos Guimarães – e intermediada pelo advogado Marcos Cristiano Costa da Silva, já foi formulada pelo Ministério Público e apesar da gravidade dos fatos, os policiais não foram afastados das funções. Eles foram apenas transferidos para as demais delegacias da região e continuam trabalhando normalmente.

“A Corregedoria protestou pela atitude do Departamento da Polícia Civil e pediu que os policiais suspeitos fossem afastados das funções e recolhidos ao Grupo de Recursos Humanos, até que tudo seja devidamente apurado e os responsáveis punidos, mas isso não foi feito”, lamentou Oliveira.

Extorsão

A prisão de José Edson da Silva, um cúmplice de “Monstro”, ocorrida na Bahia, logo após a morte do prefeito de Santo André, resultou na denúncia feita por ele ao deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT/SP), de que os líderes da quadrilha – “Monstro” e o comparsa identificado como Elcyd Oliveira Brito, conhecido por “Jhon” – haviam sido presos em Maringá no dia 30 de janeiro, e soltos dois dias depois, mediante o pagamento de propina.

A denúncia caiu como uma bomba na cúpula da Polícia Civil paranaense, que imediatamente determinou rigorosas investigações a respeito dos fatos. O próprio corregedor e o delegado-geral foram pessoalmente ouvir o preso e convenceram-se de que ele estava falando a verdade.

Iniciadas as investigações na Subdivisão Policial de Maringá, pelo então corregedor auxiliar Haroldo Luiz Davison, confirmou-se que os dois indivíduos haviam estado presos e até fotos deles foram tiradas pelos policiais. Davison porém, ficou menos de 24 horas na chefia das investigações, pois ao anunciar à imprensa os nomes dos seis policiais suspeitos foi destituído pelo corregedor Adauto Oliveira, que achou que “ele falou demais, sem investigar o suficiente”. Afastado não só do caso, mas também da Corregedoria, Davison move uma ação contra Adauto, por ter se sentido lesado e humilhado com o afastamento.

Com a nomeação de um novo delegado para a investigação – desta vez o corregedor regional Hidelberto Lagana – foi apurado que “Monstro” e “Jhon” foram localizados pela polícia de Maringá e obrigados a entregar uma camioneta Ford Ranger, R$ 10 mil em dinheiro e uma casa no valor de R$ 17 mil para serem libertados. A transação da casa e do carro foi intermediada pelo advogado, que teria colocado o imóvel no nome do próprio irmão.

A polícia espera agora interrogar “Monstro” para que ele confirme a extorsão sofrida. “Vamos esperar que ele fale a verdade sobre tudo isso”, comentou Adauto. “John” continua foragido e tão logo seja capturado, também deverá ser ouvido pela Corregedoria paranaense. (MC)

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