Mais testemunhas falam dos crimes em Tamandaré

Na presença dos 17 réus, mais três testemunhas de acusação foram ouvidas ontem à tarde, no Fórum de Almirante Tamandaré, pelo juiz Marcel Guimarães Rôtoli de Macedo. Os depoimentos contra policiais militares e civis, acusados de formar uma quadrilha para tráfico de drogas, roubo de veículos, falsificação de dinheiro e assassinatos, estão instruindo o processo para que, posteriormente, o juiz possa pronunciá-los ou não, levando-os à júri popular caso as provas contra eles sejam suficientes.

A audiência teve início às 13h, com a ouvida de José Eloir Alves dos Santos, irmão de Maria da Luz Alves dos Santos, cujo corpo foi encontrado em um matagal, à margem da Rodovia dos Minérios, em 5 de março passado. Ele confirmou que a vítima andava em companhia de alguns dos acusados. Depois foi interrogada Nilza Iraci dos Santos, madrasta da jovem Géssica Freitas Pedrosa, menor de idade, amiga de Joyce Devitte – outra jovem supostamente assassinada pela mesma quadrilha. A mulher confirmou que sua enteada foi interrogada na delegacia de Almirante Tamandaré pelo escrivão Alexander Perin Pimenta (um dos acusados) sem a presença de seus pais ou outra pessoa maior de idade que pudesse se responsabilizar por ela. Pimenta é acusado de amedrontar testemunhas para encobrir os delitos da gangue.

Mais acusações

Por fim, foi ouvido Célio dos Santos Silva, morador há 30 anos na região e que chegou a ser ameaçado por alguns dos acusados. Ele contou que encontrou os corpos dos quatro adolescentes executados com tiros na cabeça – Leandro Camargo de Paula, Celso dos Santos, Aldo Marcelo Kurudz e Valdinei da Silva Jardim – na madrugada de 4 de junho de 2000. Estão sendo acusados deste crime o PM Juliano Oliveira e seu colega de farda Jean Grott. Dois outros PMs que estavam de plantão naquela noite, Juarez Vieira e Valdirio Mangger, teriam dado cobertura aos colegas. Os criminosos teriam uma desavença com Leandro e mataram os outros três para que não houvesse testemunhas.

Célio revelou que ao avistar os corpos, seguiu com seu carro até o terminal de ônibus e lá encontrou uma viatura com os PMs Juliano e Grott e os avisou. Em seguida deixou uma prima no terminal e retornou para o local. Segundo ele, os policiais estavam “estranhos”, como se tivessem tomado algumas “cervejinhas”. Logo em seguida chegou outra viatura, com dois outros PMs. A testemunha também disse que se sentiu ameaçada, dias depois, pelos policiais.

Mais trabalho

Amanhã deverão ser ouvidas mais cinco testemunhas de acusação e tão logo esta etapa do processo seja vencida, o juiz começará a ouvir as mais de 80 testemunhas de defesa arroladas pelos 17 advogados dos réus.

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