Mais dois policiais civis estão presos

Os 12 policiais e os dois assistentes de segurança acusados de envolvimento na rede de pedofilia associada a extorsões estão atrás das grades. Ontem pela manhã, se apresentaram na Corregedoria da Polícia Civil um investigador e o superintendente do 7.º Distrito (Vila Hauer), que estavam foragidos. Das 15 prisões temporárias decretadas pela Justiça somente a de uma advogada, acusada de intermediar negociações entre a polícia e os pedófilos, não foi cumprida. Apontada como sendo a mentora do esquema, Luciana Polerá Correia Cardoso, 21 anos, permanece foragida.

Segundo informações extra-oficiais, ontem, alguns policiais, que estão recolhidos no Centro de Triagem II, em Piraquara, foram interrogados pela corregedora da Polícia Civil, Charis Negrão Tonhozi. Os dois delegados presos estão em cela especial no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e as duas policiais femininas estão no xadrez da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.

Esquema

De acordo com a acusação, Luciana aliciava meninas com idade entre 11 e 14 anos, e promovia encontros amorosos com empresários selecionados pela internet. As denúncias são de que os encontros entre as garotas e o pedófilo eram marcados em um motel ou apartamento. Quando todos estavam nus, uma das meninas ia ao banheiro. Seria o sinal para que Luciana chamasse os policiais civis, que já aguardavam no local. Eles invadiam o cômodo e exigiam entre R$ 5 e R$ 35 mil para não efetuar as prisões.

O caso foi descoberto pela Patrulha Escolar Comunitária, da Polícia Militar, porque o diretor de um colégio, desconfiou que algumas alunas estariam ganhando dinheiro fácil.

O esquema de pedofilia e extorsão foi descoberto, quando um engenheiro foi levado ao 4.º Distrito Policial (São Lourenço) e não aceitou pagar o valor da propina. Ele avisou o filho, que é estudante de direito, e denunciou o caso à Corregedoria. O flagrante foi feito e as investigações apontaram o envolvimento de policiais do 4.º Distrito, 7.º (Vila Hauer) e 12.º (Santa Felicidade).

Luciana está desaparecida

A família de Luciana Polerá Correia Cardoso, 21 anos, não sabe onde ela está. O padrasto dela, investigador Eugênio Sobocinsky Filho – superintendente da delegacia de Ipanema, no litoral – lamentou profundamente o envolvimento da enteada em toda a história, que conta também com a participação de delegados e investigadores da Polícia Civil, responsáveis pelas extorsões.

Num comovente desabafo, Eugênio revelou que não tem idéia de onde Luciana está. "Queira Deus que nós consigamos encontrá-la viva", disse. A mãe da jovem não é policial, como foi informado, e também está desesperada para saber do paradeiro da filha. De acordo com o padrasto, Luciana sempre foi uma jovem pacata, tímida e, há quatro anos, tinha vida independente, morando com seu amásio. Atualmente, estava desempregada.

Durante a temporada de verão, ela foi visitar a mãe, em Matinhos, uma ou duas vezes, e não deixou transparecer que estivesse com algum problema. "É difícil avaliar o que aconteceu ou como ela teria se envolvido em uma situação como esta. O que nós sabemos é que não temos nenhum envolvimento com os fatos divulgados pela imprensa. E o que esperamos, é que se aperte a caneta em quem tiver que apertar", finalizou Eugênio, referindo-se às punições que os envolvidos – principalmente os policiais – devam receber.

Advogado defende suspeito

Em matéria publicada no dia 23.05.2006, neste jornal, o delegado-geral da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto, declarou que canta no grupo CPI do Samba por hobby, sendo que no grupo também faz parte o funcionário administrativo do 12.º DP, preso na operação Navalha na Carne e já exonerado do cargo em comissão, o que estranha o seu advogado, o criminalista Nelmon J. Silva Jr., pois segundo o causídico nenhuma prova robusta há contra seu cliente, e tal atitude, ao seu ver, configura-se em excessão.

O advogado do funcionário administrativo do 12.º DP, tem a esclarecer: "Meu cliente é músico profissional, e há aproximadamente 4 anos, segundo informação prestada por sua mãe, ele estava trabalhando como músico legalmente na Suíça, quando foi chamada pelo delegado Azôr para formar o grupo CPI do Samba".

"Com relação ao trabalho de meu cliente na polícia, este apenas trabalhava como motorista, portanto não poderia ter praticado quaisquer dos crimes denunciados".

Termina o criminalista dizendo que: "inúmeros são os vícios neste inquérito, em especial quanto a forma de reconhecimento de alguns dos acusados, pois suspeito que um deles foi reconhecido por homônimo. Pretendo primeiro provar a inocência de meus clientes, vez que defendo quatro deles, e posteriormente propor as ações judiciais cabíveis contra quem de direito".

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