Lavagem de dinheiro leva quatro para prisão

Quatro doleiros foram presos na manhã de ontem, em Curitiba, acusados de lavagem de dinheiro e crime contra a ordem financeira nacional. A prisão foi feita por agentes das polícias Federal e Civil e acompanhada por membros da Receita Federal. O pedido de prisão partiu do juiz da 3.ª Vara Criminal, Marcos Josegrei. Segundo o delegado da Receita Federal, Aloísio Antônio de Oliveira, os quatro são suspeitos de enviar cerca de US$ 300 mil diários para o exterior de forma irregular. As transações eram feitas em nome de uma operadora de turismo e de um posto de combustível. Segundo Aloíso, os quatro elementos, que não tiveram seus nomes revelados por determinação judicial, trabalhavam para clientes maiores. “Esse dinheiro deve vir do tráfico de drogas, da corrupção. Enfim, de alguma atividade ilícita. As pessoas presas hoje eram apenas operadores. Eles apenas faziam esse dinheiro entrar e sair do Brasil burlando a Receita.”

De acordo com Antônio, o processo de lavagem de dinheiro tornou-se mais complexo devido ao aperto da fiscalização da Receita. A pessoa que quer transferir um dinheiro para o exterior, procura um doleiro que recebe a quantia e deposita em uma conta fria. O processo é repetido no exterior. “O doleiro liga então para uma contato ou para o gerente de sua conta no exterior e autoriza a transferência de uma determinada quantia para a conta do beneficiário no exterior. Não existe passagem direta de uma conta nacional para internacional”, explica o delegado. Em cálculos iniciais, a Receita estima que US$ 200 milhões de dólares foram sonegados.

Investigação

A Receita vinha investigando a atuação dos quatro detidos há cerca de seis meses. Segundo o supervisor da Receita no Paraná, Luiz Bernardi, a comparação entre as declarações de imposto de renda e a movimentação bancária dos doleiros não batia. “Era muito dinheiro para quem se dizia inativo. Eles operavam sem que o titular da conta soubesse. Utilizavam `laranjas’. Por isso, provavelmente, existe a cooperação do gerentes dos bancos.”

Os doleiros atuavam em Curitiba mas trabalhavam com contas na cidade de Blumenau. A partir de documentos e computadores apreendidos no escritório e dos depoimentos dos suspeitos, a Receita espera chegar na origem do dinheiro. “Queremos pegar os clientes”, explica Bernardi.

O advogado de um dos envolvidos também foi preso por tentar obstruir a ação da polícia. Ele foi solto na tarde de ontem após pagamento de fiança.

Voltar ao topo